
Tatuador em Ribeirão Preto usa arte para cobrir cicatrizes em pessoas que estiveram de frente com a morteon fevereiro 20, 2022 at 10:00 am
- fevereiro 20, 2022 Paulo Henrique Jovanini Rosa se dedica a projeto gratuito que busca dar nova forma às marcas no corpo causadas em momentos de dor. Psicóloga diz que ação gera acolhimento. Projeto cobre cicatrizes de forma gratuita em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
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Ressignificar memórias que tragam dor e sofrimento por meio da arte. É esse o objetivo de um projeto solidário desenvolvido por um tatuador em Ribeirão Preto (SP). Ele usa tinta e desenhos para cobrir cicatrizes no corpo de pessoas que enfrentaram momentos delicados ao longo da vida.
Idealizada pelo tatuador Paulo Henrique Jovanini Rosa, a iniciativa existe desde novembro de 2021 e foi batizada pelo profissional como ‘Renascer’, em alusão, principalmente, às marcas deixadas por tentativas de suicídio.
Jovanini trabalha na área há cerca de seis anos e resolveu criar o projeto para amenizar as más lembranças de pessoas que enfrentaram o drama do suicídio e dar forma às novas histórias de vida delas. Para cada vivência, uma arte personalizada é criada.
“Não é só um desenho, só uma tatuagem. É algo capaz de ressignificar aquela cicatriz e dar um empurrãozinho para que a pessoa melhore, como um renascimento”, diz.
LEIA TAMBÉM:
Entenda a necessidade de debater o suicídio
Suicídio de adolescentes: saiba como pais e educadores podem trabalhar a prevenção
Jovanini é o responsável pelo projeto ‘Renascer’, desenvolvido em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Arte que transforma
As terças-feiras do estúdio dele, no Centro de Ribeirão Preto, são reservadas para atender pessoas por meio do projeto. Jovanini não cobra pelas tatuagens, e a agenda está cheia até agosto.
Sem formação na área da saúde, ele afirma que a iniciativa é uma estratégia para oferecer uma ajuda estética às pessoas. A experiência de perdas de amigos para o suicídio e a cobertura da cicatriz de uma cliente recentemente serviram de incentivo.
“Perdi amigos por esse motivo de suicídio e nunca tive a oportunidade de ajudar. Acho que não tinha maturidade para entender e ter empatia com algumas coisas. Hoje entendo um pouco mais e tenho a total ideia que as pessoas precisam de ajuda de profissionais. Não sou a ajuda que elas precisam, mas estou tentando ajudar esteticamente”, afirma.
Paulo Henrique Jovanini Rosa, idealizador do projeto Renascer em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
A cliente que é uma das inspirações para Jovanini é a professora Mariane Banks. Acostumada a fazer tatuagens no estúdio, ela procurou o profissional meses após uma tentativa de suicídio para cobrir com o desenho de uma borboleta marcas deixadas no pulso direito.
O que era para ser uma, se transformou em duas tatuagens assim que Jovanini constatou a presença de cicatrizes também no pulso esquerdo de Mariana. Para a cobertura, a arte escolhida foi o desenho de quatro pássaros sob um ramalhete. A tatuagem simboliza a família da professora e, para ela, transformou a marca de uma decisão da qual se arrepende em uma nova oportunidade.
“As cicatrizes ficam te lembrando de uma fase ruim da vida, de uma decisão que você se arrepende. A tatuagem não apaga aquilo, mas ela transforma em uma arte, em uma nova experiência e oportunidade, além de embelezar a gente”, afirma.
Mariane Banks serviu de inspiração para projeto que cobre cicatrizes com tatuagem em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Ajuda profissional
Desde que colocou o projeto em prática, Jovanini diz ter ficado surpreso com a quantidade de pessoas dispostas a dialogar e com histórico de fragilidades ligadas à saúde mental.
Apesar de se colocar à disposição para trocar experiências dentro do estúdio, o tatuador reforça que nenhum suporte oferecido por ele ou por sua equipe equivale à ajuda profissional para o bem estar da mente.
“Conversar comigo, trocar essa experiência é legal, mas eu reforço a importância da terapia, da conversa com um profissional da área. Eu deixo bem claro e tento ser mais essa pessoa que está ali para ouvir”, diz.
Tatuador Paulo Henrique Jovanini Rosa, idealizador do projeto Renascer, em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Para a psicóloga Carolline Rangel, é crucial que as condições de fragilidades psíquicas, intensificadas durante a pandemia de Covid-19, sejam abordadas com mais atenção e que o acompanhamento médico não seja deixado de lado.
“Cada cidade tem os seus polos que recebem essas queixas de dores psíquicas. Então além de buscar a rede de apoio, familiares, amigos, pessoas mais próximas, a gente recomenda que se busque por esses serviços de saúde mental”, afirma.
Marcas de vida
De acordo com a psicóloga, o impacto que o projeto causa na vida das pessoas está relacionado à capacidade de proporcionar maior bem estar e acolhimento.
Ela destaca que o constrangimento causado pelas cicatrizes pode ser suavizado a partir de iniciativas como essa.
“A gente vive em uma sociedade que tem muita dificuldade em aceitar a diferença. Se uma cicatriz acaba chamando a atenção de outra pessoa, eu penso que isso vai redobrar o constrangimento da pessoa que segue com a marca no corpo. Então uma tatuagem, uma espécie de obra de arte na pele, tem esse poder de modificar isso para que esse indivíduo possa caminhar de forma mais tranquila”, diz.
Marcas de automutilação cobertas por tatuador de Ribeirão Preto (SP)
Redes sociais
Carolline aponta a arte como forte aliada à capacidade de ressignificação de sentimentos e memórias. Ela afirma que os desenhos estampados sobre partes do corpo antes mutiladas trazem vivacidade ao indivíduo.
“É como se a marca de dor e sofrimento se transformasse em uma outra marca, uma marca que remete à vida e não mais à tristeza e angústia”, aponta.
*Sob supervisão de Thaisa Figueiredo
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e regiãoPaulo Henrique Jovanini Rosa se dedica a projeto gratuito que busca dar nova forma às marcas no corpo causadas em momentos de dor. Psicóloga diz que ação gera acolhimento. Projeto cobre cicatrizes de forma gratuita em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
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Ressignificar memórias que tragam dor e sofrimento por meio da arte. É esse o objetivo de um projeto solidário desenvolvido por um tatuador em Ribeirão Preto (SP). Ele usa tinta e desenhos para cobrir cicatrizes no corpo de pessoas que enfrentaram momentos delicados ao longo da vida.
Idealizada pelo tatuador Paulo Henrique Jovanini Rosa, a iniciativa existe desde novembro de 2021 e foi batizada pelo profissional como ‘Renascer’, em alusão, principalmente, às marcas deixadas por tentativas de suicídio.
Jovanini trabalha na área há cerca de seis anos e resolveu criar o projeto para amenizar as más lembranças de pessoas que enfrentaram o drama do suicídio e dar forma às novas histórias de vida delas. Para cada vivência, uma arte personalizada é criada.
“Não é só um desenho, só uma tatuagem. É algo capaz de ressignificar aquela cicatriz e dar um empurrãozinho para que a pessoa melhore, como um renascimento”, diz.
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Entenda a necessidade de debater o suicídio
Suicídio de adolescentes: saiba como pais e educadores podem trabalhar a prevenção
Jovanini é o responsável pelo projeto ‘Renascer’, desenvolvido em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Arte que transforma
As terças-feiras do estúdio dele, no Centro de Ribeirão Preto, são reservadas para atender pessoas por meio do projeto. Jovanini não cobra pelas tatuagens, e a agenda está cheia até agosto.
Sem formação na área da saúde, ele afirma que a iniciativa é uma estratégia para oferecer uma ajuda estética às pessoas. A experiência de perdas de amigos para o suicídio e a cobertura da cicatriz de uma cliente recentemente serviram de incentivo.
“Perdi amigos por esse motivo de suicídio e nunca tive a oportunidade de ajudar. Acho que não tinha maturidade para entender e ter empatia com algumas coisas. Hoje entendo um pouco mais e tenho a total ideia que as pessoas precisam de ajuda de profissionais. Não sou a ajuda que elas precisam, mas estou tentando ajudar esteticamente”, afirma.
Paulo Henrique Jovanini Rosa, idealizador do projeto Renascer em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
A cliente que é uma das inspirações para Jovanini é a professora Mariane Banks. Acostumada a fazer tatuagens no estúdio, ela procurou o profissional meses após uma tentativa de suicídio para cobrir com o desenho de uma borboleta marcas deixadas no pulso direito.
O que era para ser uma, se transformou em duas tatuagens assim que Jovanini constatou a presença de cicatrizes também no pulso esquerdo de Mariana. Para a cobertura, a arte escolhida foi o desenho de quatro pássaros sob um ramalhete. A tatuagem simboliza a família da professora e, para ela, transformou a marca de uma decisão da qual se arrepende em uma nova oportunidade.
“As cicatrizes ficam te lembrando de uma fase ruim da vida, de uma decisão que você se arrepende. A tatuagem não apaga aquilo, mas ela transforma em uma arte, em uma nova experiência e oportunidade, além de embelezar a gente”, afirma.
Mariane Banks serviu de inspiração para projeto que cobre cicatrizes com tatuagem em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Ajuda profissional
Desde que colocou o projeto em prática, Jovanini diz ter ficado surpreso com a quantidade de pessoas dispostas a dialogar e com histórico de fragilidades ligadas à saúde mental.
Apesar de se colocar à disposição para trocar experiências dentro do estúdio, o tatuador reforça que nenhum suporte oferecido por ele ou por sua equipe equivale à ajuda profissional para o bem estar da mente.
“Conversar comigo, trocar essa experiência é legal, mas eu reforço a importância da terapia, da conversa com um profissional da área. Eu deixo bem claro e tento ser mais essa pessoa que está ali para ouvir”, diz.
Tatuador Paulo Henrique Jovanini Rosa, idealizador do projeto Renascer, em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Para a psicóloga Carolline Rangel, é crucial que as condições de fragilidades psíquicas, intensificadas durante a pandemia de Covid-19, sejam abordadas com mais atenção e que o acompanhamento médico não seja deixado de lado.
“Cada cidade tem os seus polos que recebem essas queixas de dores psíquicas. Então além de buscar a rede de apoio, familiares, amigos, pessoas mais próximas, a gente recomenda que se busque por esses serviços de saúde mental”, afirma.
Marcas de vida
De acordo com a psicóloga, o impacto que o projeto causa na vida das pessoas está relacionado à capacidade de proporcionar maior bem estar e acolhimento.
Ela destaca que o constrangimento causado pelas cicatrizes pode ser suavizado a partir de iniciativas como essa.
“A gente vive em uma sociedade que tem muita dificuldade em aceitar a diferença. Se uma cicatriz acaba chamando a atenção de outra pessoa, eu penso que isso vai redobrar o constrangimento da pessoa que segue com a marca no corpo. Então uma tatuagem, uma espécie de obra de arte na pele, tem esse poder de modificar isso para que esse indivíduo possa caminhar de forma mais tranquila”, diz.
Marcas de automutilação cobertas por tatuador de Ribeirão Preto (SP)
Redes sociais
Carolline aponta a arte como forte aliada à capacidade de ressignificação de sentimentos e memórias. Ela afirma que os desenhos estampados sobre partes do corpo antes mutiladas trazem vivacidade ao indivíduo.
“É como se a marca de dor e sofrimento se transformasse em uma outra marca, uma marca que remete à vida e não mais à tristeza e angústia”, aponta.
*Sob supervisão de Thaisa Figueiredo
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