
‘Prefiro dormir para não ver a situação’, diz mulher que enfrenta fome com a família em Ribeirão Preto, SPon julho 17, 2022 at 8:00 am
- julho 17, 2022 Fabíola Maria Tanaka afirma o almoço acontece às 17h porque não há alimentos suficientes para duas refeições em casa. País tem cerca de 33 milhões sem ter o que comer, aponta levantamento. Fabíola Tanaka e a irmã Regina Martins, de Ribeirão Preto (SP), enfrentam insegurança alimentar e precisam escolher as refeições para não ficar muito tempo sem comer
Arquivo Pessoal
A família de Fabíola Maria Tanaka, de 40 anos, almoça às 17h. A refeição tardia tem sido frequente na casa dela, no bairro Campos Elíseos, em Ribeirão Preto (SP), e a explicação é dolorosa: não há comida para o jantar.
Fabíola e os familiares decidiram que devem comer mais tarde para não ficarem muito tempo sem se alimentar.
“A gente almoça tarde, porque não dá para comer duas vezes. Uma, pelo gás, que está acabando. Outra, pelos alimentos, que não temos disponíveis. Hoje [quinta-feira] a gente já almoçou, mas não sabe se janta”.
Ela conta que muitas vezes vai dormir mais cedo para não ter de lidar com a situação. Diagnosticada com ansiedade generalizada, Fabíola tem notado as crises aumentarem nos dias mais difíceis.
“Vou dormir pra não ver. Sabe aquele famoso o que os olhos não veem, o coração não sente? Prefiro dormir pra não ver a situação. Porque se eu ficar prestando atenção, eu tenho crise. Aí a crise piora e eu começo a chorar”.
Atualmente, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), 50 entidades estão cadastradas em Ribeirão Preto para atender cerca de 25 mil pessoas.
A pasta mantém parcerias com o Ceasinha e o Fundo Social de Solidariedade e faz distribuição de cestas básicas e hortifrúti para pessoas que estão na linha da pobreza e de extrema pobreza.
Sem emprego e geladeira vazia
Com Fabíola, moram a irmã dela, Regina Helena Martins, de 58 anos, que tem paralisia cerebral, a afilhada com a mulher e os filhos delas de 4 anos.
A afilhada perdeu o emprego recentemente e a única renda atual é a aposentadoria de Regina.
Fabíola nunca trabalhou. Um escorregão em uma calçada na frente de casa durante uma chuva quando ela tinha 12 anos, acabou afetando a mobilidade dela para sempre. Se ela fica muito tempo em pé, sente dores. Se ficar sentada por muito tempo, também é ruim. Andar, piora.
Segundo ela, a situação que vive hoje é angustiante. A geladeira vazia é uma das maiores preocupações, entre tantas outras que a família vem lidando.
“É desesperador. Não tenho o que colocar de manhã no estômago para tomar remédio. Fico com aquela vontade de encher [a geladeira], de colocar alimentos da feira, banana, laranja. Não quero comer um lanche, é o essencial mesmo, que a gente não tem”.
Com geladeira vazia, Fabíola Tanaka, de Ribeirão Preto (SP), tem passado a dormir mais cedo para não lidar com a situação
Arquivo Pessoal
Menos que o básico
A família de Fabíola vive atualmente com menos que o básico e depende de programas assistenciais e de doações de Organizações Não Governamentais (ONGs).
Na casa que dividem, deixada pelo pai, que morreu em 2017, faltam desde alimentos até produtos de limpeza e higiene pessoal. Há escassez de comida, sabonete e papel higiênico, por exemplo.
Além do pai, ela perdeu a mãe em 2014 e o irmão mais velho, que a ajudava, em 2018.
Além de escolher a refeição que vai comer, Fabíola também abre mão do pouco alimento que tem para oferecer às crianças e à irmã Regina.
Na quinta-feira (14), a família dividiu um pedaço de calabresa no almoço, doado por vizinhos. “Quando tem [uma mistura diferente], fico com dó das crianças e da minha irmã e deixo pra eles. Acabo não comendo”.
Panela vazia
Reprodução/RBS TV
De volta ao mapa da fome
A quantidade de brasileiros que enfrentaram algum tipo de insegurança alimentar ultrapassou a marca de 60 milhões, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgado na quarta-feira (6).
Segundo um levantamento, o Brasil soma atualmente cerca de 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente, quase o dobro do contingente em situação de fome estimado em 2020. Em números absolutos, são 14 milhões de pessoas a mais passando fome no país.
Os dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN).
Ainda de acordo com a pesquisa, atualmente, mais da metade da população brasileira – 125,2 milhões de pessoas – vive com algum grau de insegurança alimentar.
41,3% insegurança alimentar
28% insegurança alimentar leve
15,5% insegurança alimentar grave
15,2% insegurança alimentar moderada
Os dados foram coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022, em mais de 12 mil domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios distribuídos nos 26 estados e Distrito Federal.
Cadastro no CRAS
Em Ribeirão Preto, famílias que queiram receber ajuda da prefeitura devem comparecer ao Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). O município conta com sete unidades espalhadas (consulte os endereços abaixo).
CRAS 1 – Região Central, Sudeste e Leste
Endereço: Rua Marcondes Salgado, 253, Centro
Telefone: (16) 3610-6495 e (16) 3961-3033
Atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17h
Responsável: Silvia Beatriz Borges Teodoro
CRAS 2 – Região Norte
Endereço: Rua João Delibo, s/nº, Quintino Facci II
Telefone: (16) 98161-6691 e (16) 98161-6737
Atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17h
Responsável: Regina Márcia Alves de Castro
CRAS 3 – Região Noroeste
Endereço: Rua Rio Grande do Norte, 637, Ipiranga
Telefone: (16) 3966-7280 e (16) 3966-3400
Atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17h
Responsável: Renata de Oliveira Fábio
CRAS 4 – Região Oeste
Endereço: Rua José Antônio Bernardes, 1055, Paulo Gomes Romeo
Telefone: (16) 3975-3418 e (16) 3919-6030
Atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17h
Responsável: Gabriela Pacheco Lopes Vinturé
CRAS 5 – Região Sudoeste
Endereço: Rua Alfredo Condeixa, 950, Jardim Marchesi
Telefone: (16) 3964-0819 e (16) 3919-8002
Atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17h
Responsável: Marília Borges Diogo
CRAS 6 – Região Norte
Endereço: Rua Benedicto Jacinto de Souza, 330, Florestan Fernandes
Telefone: (16) 3630-2385 e (16) 3626-7222
Atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17h
Responsável: Evelyn Caroline Bevilacqua
CRAS 7 – Região Norte
Endereço: Rua Gilberto Parizi, 136 (Residencial Vida Nova Ribeirão), Cristo Redentor
Telefone: (16) 98161-7323 e (16) 98161-6902
Atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17h
Responsável: Márcia Regina Santoro Chioratto
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
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Arquivo Pessoal
A família de Fabíola Maria Tanaka, de 40 anos, almoça às 17h. A refeição tardia tem sido frequente na casa dela, no bairro Campos Elíseos, em Ribeirão Preto (SP), e a explicação é dolorosa: não há comida para o jantar.
Fabíola e os familiares decidiram que devem comer mais tarde para não ficarem muito tempo sem se alimentar.
“A gente almoça tarde, porque não dá para comer duas vezes. Uma, pelo gás, que está acabando. Outra, pelos alimentos, que não temos disponíveis. Hoje [quinta-feira] a gente já almoçou, mas não sabe se janta”.
Ela conta que muitas vezes vai dormir mais cedo para não ter de lidar com a situação. Diagnosticada com ansiedade generalizada, Fabíola tem notado as crises aumentarem nos dias mais difíceis.
“Vou dormir pra não ver. Sabe aquele famoso o que os olhos não veem, o coração não sente? Prefiro dormir pra não ver a situação. Porque se eu ficar prestando atenção, eu tenho crise. Aí a crise piora e eu começo a chorar”.
Atualmente, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), 50 entidades estão cadastradas em Ribeirão Preto para atender cerca de 25 mil pessoas.
A pasta mantém parcerias com o Ceasinha e o Fundo Social de Solidariedade e faz distribuição de cestas básicas e hortifrúti para pessoas que estão na linha da pobreza e de extrema pobreza.
Sem emprego e geladeira vazia
Com Fabíola, moram a irmã dela, Regina Helena Martins, de 58 anos, que tem paralisia cerebral, a afilhada com a mulher e os filhos delas de 4 anos.
A afilhada perdeu o emprego recentemente e a única renda atual é a aposentadoria de Regina.
Fabíola nunca trabalhou. Um escorregão em uma calçada na frente de casa durante uma chuva quando ela tinha 12 anos, acabou afetando a mobilidade dela para sempre. Se ela fica muito tempo em pé, sente dores. Se ficar sentada por muito tempo, também é ruim. Andar, piora.
Segundo ela, a situação que vive hoje é angustiante. A geladeira vazia é uma das maiores preocupações, entre tantas outras que a família vem lidando.
“É desesperador. Não tenho o que colocar de manhã no estômago para tomar remédio. Fico com aquela vontade de encher [a geladeira], de colocar alimentos da feira, banana, laranja. Não quero comer um lanche, é o essencial mesmo, que a gente não tem”.
Com geladeira vazia, Fabíola Tanaka, de Ribeirão Preto (SP), tem passado a dormir mais cedo para não lidar com a situação
Arquivo Pessoal
Menos que o básico
A família de Fabíola vive atualmente com menos que o básico e depende de programas assistenciais e de doações de Organizações Não Governamentais (ONGs).
Na casa que dividem, deixada pelo pai, que morreu em 2017, faltam desde alimentos até produtos de limpeza e higiene pessoal. Há escassez de comida, sabonete e papel higiênico, por exemplo.
Além do pai, ela perdeu a mãe em 2014 e o irmão mais velho, que a ajudava, em 2018.
Além de escolher a refeição que vai comer, Fabíola também abre mão do pouco alimento que tem para oferecer às crianças e à irmã Regina.
Na quinta-feira (14), a família dividiu um pedaço de calabresa no almoço, doado por vizinhos. “Quando tem [uma mistura diferente], fico com dó das crianças e da minha irmã e deixo pra eles. Acabo não comendo”.
Panela vazia
Reprodução/RBS TV
De volta ao mapa da fome
A quantidade de brasileiros que enfrentaram algum tipo de insegurança alimentar ultrapassou a marca de 60 milhões, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgado na quarta-feira (6).
Segundo um levantamento, o Brasil soma atualmente cerca de 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente, quase o dobro do contingente em situação de fome estimado em 2020. Em números absolutos, são 14 milhões de pessoas a mais passando fome no país.
Os dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN).
Ainda de acordo com a pesquisa, atualmente, mais da metade da população brasileira – 125,2 milhões de pessoas – vive com algum grau de insegurança alimentar.
41,3% insegurança alimentar
28% insegurança alimentar leve
15,5% insegurança alimentar grave
15,2% insegurança alimentar moderada
Os dados foram coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022, em mais de 12 mil domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios distribuídos nos 26 estados e Distrito Federal.
Cadastro no CRAS
Em Ribeirão Preto, famílias que queiram receber ajuda da prefeitura devem comparecer ao Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). O município conta com sete unidades espalhadas (consulte os endereços abaixo).
CRAS 1 – Região Central, Sudeste e Leste
Endereço: Rua Marcondes Salgado, 253, Centro
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CRAS 2 – Região Norte
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Responsável: Regina Márcia Alves de Castro
CRAS 3 – Região Noroeste
Endereço: Rua Rio Grande do Norte, 637, Ipiranga
Telefone: (16) 3966-7280 e (16) 3966-3400
Atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17h
Responsável: Renata de Oliveira Fábio
CRAS 4 – Região Oeste
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Telefone: (16) 3975-3418 e (16) 3919-6030
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Responsável: Gabriela Pacheco Lopes Vinturé
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Endereço: Rua Alfredo Condeixa, 950, Jardim Marchesi
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Atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17h
Responsável: Marília Borges Diogo
CRAS 6 – Região Norte
Endereço: Rua Benedicto Jacinto de Souza, 330, Florestan Fernandes
Telefone: (16) 3630-2385 e (16) 3626-7222
Atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17h
Responsável: Evelyn Caroline Bevilacqua
CRAS 7 – Região Norte
Endereço: Rua Gilberto Parizi, 136 (Residencial Vida Nova Ribeirão), Cristo Redentor
Telefone: (16) 98161-7323 e (16) 98161-6902
Atendimento: das 8h às 12h e das 13h às 17h
Responsável: Márcia Regina Santoro Chioratto
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