
Restrições a importações na Argentina preocupam setor calçadista brasileiro: ‘180 dias para fazer pagamento’on julho 17, 2022 at 8:39 pm
- julho 17, 2022 Medida para conter fuga de dólares foi anunciada no fim de junho e deve valer até setembro. Crise econômica preocupa indústria em Franca, SP, que tem no país vizinho terceiro melhor comprador. Argentina restringe importação de calçados brasileiros e medida afeta Franca, SP
Indústrias brasileiras que exportarem produtos para a Argentina até setembro de 2022 só devem receber o pagamento pelas mercadorias vendidas em até 180 dias. A medida anunciada no fim de junho por meio de resolução do Banco Central do país vizinho surpreendeu o setor calçadista, principalmente em Franca (SP).
Segundo o Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca), a Argentina é o terceiro mercado consumidor do produto fabricado na cidade do interior de São Paulo, perdendo apenas para EUA e Chile.
Volume de negócios de janeiro a maio deste ano:
EUA: 16 milhões de dólares
Chile: 3,9 milhões de dólares
Argentina: 1,9 milhões de dólares
Argentina é o terceiro maior comprador de calçados produzidos em Franca, SP
Jefferson Severiano Neves/EPTV
A resolução é referente à gestão do ministro da Economia, Martín Guzmán, que renunciou em 2 de julho, e é uma alternativa para barrar a saída de dólares do país.
“A principal situação aí é problema de fluxo de caixa, né? Eles não têm dólar para poder estar importando, então eles estão estabelecendo regras que mercadorias despachadas até 30 de setembro, só daqui 180 dias para fazer o pagamento. Isso coloca em dúvida, em cheque, as exportações para a Argentina”, diz o presidente do Sindifranca, José Carlos do Couto Brigagão.
Diretora comercial de uma indústria de calçados de aventura, Maria Laura Lemos Silva negocia 80% da produção para a Argentina. Muitos pedidos já estão fechados para os próximos meses, mas eles deverão ser revisados.
“Vamos ter que voltar para a mesa de negociação e trabalhar para que isso não interfira, né, na estrutura da empresa, no faturamento. Traçar novas estratégias comerciais de diversificação, de prospecção de novos clientes.”
Mulheres na produção de calçados em indústria de Franca, SP
Jefferson Severiano Neves/EPTV
Outros mercados
Para Brigagão, o prazo de pagamento alterado sem aviso prévio afeta principalmente os pequenos e médios empresários. O setor deve buscar novos mercados externos para compensação.
“O que não deve acontecer é colocar os ovos tudo numa cesta só, ou seja, nós temos que diversificar para vários países para poder não sofrer as consequências de uma atitude inesperada como esta, né? Agora, aquelas empresas que destinam as suas exportações somente para a Argentina ou grande parte somente para Argentina, elas vão ter problema? Vão ter que ter capital de engenheiro para poder estar bancando as exportações de calçados para receber depois de 180 dias. É uma situação que realmente preocupa”, diz.
Há cerca de dez dias, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, esteve reunido com representantes da Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais para discutir o assunto.
As preocupações do setor foram apresentadas ao cônsul-geral da Argentina no Rio Grande do Sul, Jorge Perren, que se comprometeu a apresentar as demandas brasileiras à Embaixada e ao Ministério da Economia argentinos.
Caixa de exportação em indústria calçadista em Franca, SP
Jefferson Severiano Neves/EPTV
País em crise
A inflação oficial em junho ficou em 5,3%, mas o acumulado em 12 meses é de 60,7%, uma das mais altas do mundo. Para tentar conter a inflação, o Banco Central argentino já aumentou a taxa básica de juros para 52% ao ano.
Com a inflação nas alturas, 4 em cada 10 cidadãos se encontram abaixo da linha da pobreza.
Os argentinos que podem fogem da inflação comprando dólar. Mas a crise aumentou a variedade de câmbios. Do de julho até agora, a cotação do dólar já subiu 22%. Um dólar no paralelo é vendido a mais do que o dobro da cotação oficial.
O presidente Alberto Fernández e a vice Cristina Kirchner não se entendem sobre a condução da política econômica do país, o que agrava o cenário. O aumento de gastos, defendido por Kirchner, levou o ministro da Economia a renunciar. A substituta dele é Silvina Batakis, considerada aliada da vice-presidente e alinhada à esquerda.
As incertezas só pioram com a possibilidade de medidas como uma desvalorização ainda maior da moeda argentina para atrair capitais ou até dolarização da economia.
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e regiãoMedida para conter fuga de dólares foi anunciada no fim de junho e deve valer até setembro. Crise econômica preocupa indústria em Franca, SP, que tem no país vizinho terceiro melhor comprador. Argentina restringe importação de calçados brasileiros e medida afeta Franca, SP
Indústrias brasileiras que exportarem produtos para a Argentina até setembro de 2022 só devem receber o pagamento pelas mercadorias vendidas em até 180 dias. A medida anunciada no fim de junho por meio de resolução do Banco Central do país vizinho surpreendeu o setor calçadista, principalmente em Franca (SP).
Segundo o Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca), a Argentina é o terceiro mercado consumidor do produto fabricado na cidade do interior de São Paulo, perdendo apenas para EUA e Chile.
Volume de negócios de janeiro a maio deste ano:
EUA: 16 milhões de dólares
Chile: 3,9 milhões de dólares
Argentina: 1,9 milhões de dólares
Argentina é o terceiro maior comprador de calçados produzidos em Franca, SP
Jefferson Severiano Neves/EPTV
A resolução é referente à gestão do ministro da Economia, Martín Guzmán, que renunciou em 2 de julho, e é uma alternativa para barrar a saída de dólares do país.
“A principal situação aí é problema de fluxo de caixa, né? Eles não têm dólar para poder estar importando, então eles estão estabelecendo regras que mercadorias despachadas até 30 de setembro, só daqui 180 dias para fazer o pagamento. Isso coloca em dúvida, em cheque, as exportações para a Argentina”, diz o presidente do Sindifranca, José Carlos do Couto Brigagão.
Diretora comercial de uma indústria de calçados de aventura, Maria Laura Lemos Silva negocia 80% da produção para a Argentina. Muitos pedidos já estão fechados para os próximos meses, mas eles deverão ser revisados.
“Vamos ter que voltar para a mesa de negociação e trabalhar para que isso não interfira, né, na estrutura da empresa, no faturamento. Traçar novas estratégias comerciais de diversificação, de prospecção de novos clientes.”
Mulheres na produção de calçados em indústria de Franca, SP
Jefferson Severiano Neves/EPTV
Outros mercados
Para Brigagão, o prazo de pagamento alterado sem aviso prévio afeta principalmente os pequenos e médios empresários. O setor deve buscar novos mercados externos para compensação.
“O que não deve acontecer é colocar os ovos tudo numa cesta só, ou seja, nós temos que diversificar para vários países para poder não sofrer as consequências de uma atitude inesperada como esta, né? Agora, aquelas empresas que destinam as suas exportações somente para a Argentina ou grande parte somente para Argentina, elas vão ter problema? Vão ter que ter capital de engenheiro para poder estar bancando as exportações de calçados para receber depois de 180 dias. É uma situação que realmente preocupa”, diz.
Há cerca de dez dias, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, esteve reunido com representantes da Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais para discutir o assunto.
As preocupações do setor foram apresentadas ao cônsul-geral da Argentina no Rio Grande do Sul, Jorge Perren, que se comprometeu a apresentar as demandas brasileiras à Embaixada e ao Ministério da Economia argentinos.
Caixa de exportação em indústria calçadista em Franca, SP
Jefferson Severiano Neves/EPTV
País em crise
A inflação oficial em junho ficou em 5,3%, mas o acumulado em 12 meses é de 60,7%, uma das mais altas do mundo. Para tentar conter a inflação, o Banco Central argentino já aumentou a taxa básica de juros para 52% ao ano.
Com a inflação nas alturas, 4 em cada 10 cidadãos se encontram abaixo da linha da pobreza.
Os argentinos que podem fogem da inflação comprando dólar. Mas a crise aumentou a variedade de câmbios. Do de julho até agora, a cotação do dólar já subiu 22%. Um dólar no paralelo é vendido a mais do que o dobro da cotação oficial.
O presidente Alberto Fernández e a vice Cristina Kirchner não se entendem sobre a condução da política econômica do país, o que agrava o cenário. O aumento de gastos, defendido por Kirchner, levou o ministro da Economia a renunciar. A substituta dele é Silvina Batakis, considerada aliada da vice-presidente e alinhada à esquerda.
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