
‘Quem viveu uma hora de guerra, não deseja a ninguém’, diz refugiado sírio no Brasilon março 5, 2022 at 9:00 am
- março 5, 2022 Conflitos e recessão econômica têm motivado pessoas ao redor do mundo a deixar seus países de origem. Em Ribeirão Preto, refugiados falam sobre a nova vida e a vida que deixaram para trás. Conheça histórias de pessoas que deixaram países de origem por causa de guerras
Há dez anos em Ribeirão Preto (SP), o sírio Mohamad Kazmouz olha atento às movimentações da Rússia na guerra contra a Ucrânia e se preocupa com o avanço dos conflitos entre povos.
Hoje subgerente de um restaurante árabe no município, Kazmouz conta que veio para o Brasil para fugir da guerra na Síria, que começou em 2011 e já matou, pelo menos, 500 mil pessoas, de acordo com balanço do Observatório Sírio para os Direitos Humanos de junho do ano passado.
Desde que está no Brasil, Kazmouz nunca mais voltou para a Síria. Para ele, o mais difícil em se presenciar uma guerra, é o que acontece depois.
“Quem viveu uma hora de guerra, não deseja guerra para ninguém na vida. A guerra de arma acaba, mas e depois? Quem vai devolver esse povo para o país dele? É difícil. O povo que saiu da Ucrânia para outros países vai demorar para voltar. No começo [na Síria] falávamos ‘volto em um mês, em duas semanas, alguns dias. Tem pessoas que falaram isso e nunca mais voltaram”.
Mohamad Kazmouz chegou ao Brasil em 2012 fugindo da Guerra na Síria: ‘Quero voltar para a Síria antes da guerra’
Luciano Tolentino/EPTV
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 1 milhão de refugiados já deixaram a Ucrânia desde o início da guerra deste ano. A maioria foi para a Polônia.
Em 2020, um levantamento da Acnur, a Agência da ONU para Refugiados, estimava que o número de pessoas no mundo obrigadas a deixar suas casas por perseguição, conflitos e violações de direitos humanos teria ultrapassado a marca de 80 milhões.
Saída da Venezuela
A analista de RH Dubraska Fermin deixou a Venezuela em 2017 por conta do colapso na economia do país. Com dois filhos pequenos na época, ela sentia que o salário que ganhava já não era suficiente para pagar os gastos da família.
“Minhas crianças estavam pequenas e meu salário já não alcançava para comprar fralda, leite. Se, por exemplo, você comprava uma caixa de leite, que aconteceu comigo, o militar falava que não podia”.
Assim como Dubraska, outros familiares também deixaram a Venezuela e hoje há primos espalhados por outros países da América do Sul, como Chile e Argentina. Por enquanto, ela não pretende ir embora.
“Meus filhos falam português melhor que a gente e eu falo para meus colegas que já sou ribeirão-pretana. Fui muito bem acolhida aqui”.
Dubraska Fermin saiu da Venezuela em 2017 por conta da recessão econômica, mas tem saudade da família que deixou no país
Carlos Trinca/EPTV
Saudades de um país antes dos problemas
A decisão de deixar o país de origem é sempre difícil para os refugiados e a saudade se torna algo recorrente na vida da maioria das pessoas.
“Eu sinto muita saudade, porque venho de uma família que a gente é muito próximo, muito unido. Uma das coisas que eu queria era que meus filhos crescessem com os primos. Um dia, meu filho falou ‘eu quero meu aniversário com toda família’ e eu não tenho como fazer isso”, diz Dubraska.
Kazmouz confessa ter, sim, ter saudade do seu país de origem. Mas um país antes da guerra. “Tenho vontade de volta para a Síria, mas quero voltar para a Síria antes da guerra. A Síria de hoje, não quero voltar. Ela é totalmente diferente. O povo está diferente”.
Ajuda humanitária
Assim como alguns refugiados escolhem Ribeirão Preto para criar raízes, moradores locais também acabam por se arriscar em missões de paz e ajuda humanitária em países assolados pela guerra.
Anézio Massuia atua como voluntário em projetos para refugiados no Quênia, na Uganda, no Sudão do Sul e na Etiópia.
Ele chega a ir até quatro vezes por ano para a África ajudar crianças e famílias a terem moradia, alimentos e educação e tem dois abrigos para crianças.
“A guerra é muito forte aqui na África. São tribos contra tribos, nações contra nações, cidades contra cidades. É algo difícil até de compreender. E orfão é primeira vítima, porque o papai morre, a mamãe também morre na guerra, mas ele continua vivo”.
Segundo ele, mais de 100 órfãos já foram atendidos. O trabalho principal é dentro dos campos de refugiados, onde as crianças recebem atenção, alimentação, educação, e o mais importante: amor.
“Amanhã ou depois eles serão homens e mulheres transformados e trarão uma ajuda muito grande para os que também estão sofrendo”.
Anézio Massuia atua como voluntário em projetos para refugiados na África
Arquivo Pessoal
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
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Há dez anos em Ribeirão Preto (SP), o sírio Mohamad Kazmouz olha atento às movimentações da Rússia na guerra contra a Ucrânia e se preocupa com o avanço dos conflitos entre povos.
Hoje subgerente de um restaurante árabe no município, Kazmouz conta que veio para o Brasil para fugir da guerra na Síria, que começou em 2011 e já matou, pelo menos, 500 mil pessoas, de acordo com balanço do Observatório Sírio para os Direitos Humanos de junho do ano passado.
Desde que está no Brasil, Kazmouz nunca mais voltou para a Síria. Para ele, o mais difícil em se presenciar uma guerra, é o que acontece depois.
“Quem viveu uma hora de guerra, não deseja guerra para ninguém na vida. A guerra de arma acaba, mas e depois? Quem vai devolver esse povo para o país dele? É difícil. O povo que saiu da Ucrânia para outros países vai demorar para voltar. No começo [na Síria] falávamos ‘volto em um mês, em duas semanas, alguns dias. Tem pessoas que falaram isso e nunca mais voltaram”.
Mohamad Kazmouz chegou ao Brasil em 2012 fugindo da Guerra na Síria: ‘Quero voltar para a Síria antes da guerra’
Luciano Tolentino/EPTV
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 1 milhão de refugiados já deixaram a Ucrânia desde o início da guerra deste ano. A maioria foi para a Polônia.
Em 2020, um levantamento da Acnur, a Agência da ONU para Refugiados, estimava que o número de pessoas no mundo obrigadas a deixar suas casas por perseguição, conflitos e violações de direitos humanos teria ultrapassado a marca de 80 milhões.
Saída da Venezuela
A analista de RH Dubraska Fermin deixou a Venezuela em 2017 por conta do colapso na economia do país. Com dois filhos pequenos na época, ela sentia que o salário que ganhava já não era suficiente para pagar os gastos da família.
“Minhas crianças estavam pequenas e meu salário já não alcançava para comprar fralda, leite. Se, por exemplo, você comprava uma caixa de leite, que aconteceu comigo, o militar falava que não podia”.
Assim como Dubraska, outros familiares também deixaram a Venezuela e hoje há primos espalhados por outros países da América do Sul, como Chile e Argentina. Por enquanto, ela não pretende ir embora.
“Meus filhos falam português melhor que a gente e eu falo para meus colegas que já sou ribeirão-pretana. Fui muito bem acolhida aqui”.
Dubraska Fermin saiu da Venezuela em 2017 por conta da recessão econômica, mas tem saudade da família que deixou no país
Carlos Trinca/EPTV
Saudades de um país antes dos problemas
A decisão de deixar o país de origem é sempre difícil para os refugiados e a saudade se torna algo recorrente na vida da maioria das pessoas.
“Eu sinto muita saudade, porque venho de uma família que a gente é muito próximo, muito unido. Uma das coisas que eu queria era que meus filhos crescessem com os primos. Um dia, meu filho falou ‘eu quero meu aniversário com toda família’ e eu não tenho como fazer isso”, diz Dubraska.
Kazmouz confessa ter, sim, ter saudade do seu país de origem. Mas um país antes da guerra. “Tenho vontade de volta para a Síria, mas quero voltar para a Síria antes da guerra. A Síria de hoje, não quero voltar. Ela é totalmente diferente. O povo está diferente”.
Ajuda humanitária
Assim como alguns refugiados escolhem Ribeirão Preto para criar raízes, moradores locais também acabam por se arriscar em missões de paz e ajuda humanitária em países assolados pela guerra.
Anézio Massuia atua como voluntário em projetos para refugiados no Quênia, na Uganda, no Sudão do Sul e na Etiópia.
Ele chega a ir até quatro vezes por ano para a África ajudar crianças e famílias a terem moradia, alimentos e educação e tem dois abrigos para crianças.
“A guerra é muito forte aqui na África. São tribos contra tribos, nações contra nações, cidades contra cidades. É algo difícil até de compreender. E orfão é primeira vítima, porque o papai morre, a mamãe também morre na guerra, mas ele continua vivo”.
Segundo ele, mais de 100 órfãos já foram atendidos. O trabalho principal é dentro dos campos de refugiados, onde as crianças recebem atenção, alimentação, educação, e o mais importante: amor.
“Amanhã ou depois eles serão homens e mulheres transformados e trarão uma ajuda muito grande para os que também estão sofrendo”.
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Arquivo Pessoal
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