
Publicitário passa por cirurgia para retirar tumor raro na base do crânio em Barretos, SP; entenda a doençaon março 9, 2022 at 7:30 pm
- março 9, 2022 Eberth Melo tem a anomalia na região do clivus, entre o crânio e a coluna cervical. Neurologista diz que tumor corresponde a 0,2% de todos os que atingem o sistema nervoso central. Publicitário Eberth Melo, que trata um câncer raro em Barretos, SP
Arquivo Pessoal
O publicitário Eberth Melo, de 35 anos, passa nesta quarta-feira (9) por uma cirurgia que pode durar até dez horas para retirar um tumor raro na base do crânio. Ele é atendido no Hospital do Amor de Barretos (SP).
A doença foi diagnosticada há um ano na região do clivus, um osso entre o crânio e a coluna vertebral, após sentir fortes dores de cabeça. (Entenda mais sobre a doença abaixo)
No caso dele, o tumor tem um tamanho entre 3,5 e 4 centímetros e é considerado grande pelos médicos.
“Hoje eu sinto dor de cabeça todos os dias, todas as horas. Estou convivendo com a dor. Não tem remédio nenhum que passe. O tumor está numa posição que tampa a passagem do líquido para a coluna. Como está tampando, o líquido fica acumulando no centro do cérebro e dando pressão”, afirma.
Melo é cearense e conseguiu consulta em Barretos após um amigo indicar um médico em São Paulo que era especialista nesse tipo de tumor. Em Fortaleza (CE), onde mora, o publicitário aguardava em uma fila para o procedimento cirúrgico.
“Eu vim para cá [Barretos], fiquei 21 dias, fiz uma série de exames e marcaram a cirurgia. Enquanto isso, em Fortaleza, iria chamar daqui um, dois anos. Eu ganhei fôlego no tratamento”, diz.
Hospital de Amor, de Barretos (SP)
Sérgio Oliveira/EPTV
Rede de ajuda
Durante a estadia em Barretos, Melo ficou em uma pousada na região do hospital. Pela internet, conseguiu manter-se ativo no trabalho e também comunicar-se diariamente com a família, que ficou em Fortaleza. Ele é casado e tem dois filhos, um de três anos e outro de nove.
Foi também pela internet que resolveu ajudar pessoas de todas as regiões do país que buscam tratamento no Hospital de Amor.
Em uma rede social, Melo passou de publicitário para uma espécie de guia no interior paulista.
“Eu estou usando meu Instagram para ensinar as pessoas a vir para Barretos. Tem lá uma parte de utilidades, que estou dando dicas. Isso que está me mantendo ativo. E tem uns vídeos curtos da minha passagem. Esses vídeos são para o meu filho Miguel, que é autista. Na cabeça dele, só os beijos dele na minha testa de noite vão me curar. Então, faço vídeos para ele ver que estou bem, que estou sendo bem cuidado, e para ele se acalmar”.
Publicitário Eberth Melo com os filhos em Fortaleza, CE. Ele vai fazer uma cirurgia em Barretos, SP, nesta quarta
Arquivo Pessoal
Tumor no clivus é raro
O neurocirurgião Carlos Clara é o médico de Eberth Melo no Hospital de Amor de Barretos. Ele suspeita que o publicitário tenha o tumor do tipo cordoma, que corresponde a aproximadamente 0,2% de todos os tumores que atingem o sistema nervoso central.
“Mas também podem existir outros tipos de tumores chamados condrossarcomas. Ali podem estar metástases, linfomas. Mas o que a gente mais comumente vê são os cordomas. Sobre o Eberth, não tem 100% de certeza de que é o cordoma. A principal hipótese, e a mais provável, é de ser o cordoma. A chance é altíssima, mas a certeza absoluta disso é quando a gente tiver amostra do tumor, que vai ser analisada pelo patologista que vai confirmar se tratar de um cordoma”, explica.
Ainda de acordo com o médico, o cordoma tem origem na formação do indivíduo, quando ele ainda é um embrião. As células da região da notorcoda, que posteriormente será transformada em coluna vertebral, não se desenvolvem como o previsto e o tumor é gerado.
“Ele pode dar em qualquer ponto da coluna. O mais comum é no sacro, lá embaixo, e no clivus. É comum nas extremidades, mas pode estar em qualquer parte, na transição crânio-cervical, mas extremidades são mais comuns”, diz o neurocirurgião.
Eberth Melo faz tratamento de um tumor no clivus no Hospital de Amor de Barretos, SP
Arquivo Pessoal
Tratamento cirúrgico e com radioterapia
O tumor do clivus é tratado, primeiramente, com cirurgia. O procedimento é de risco e longo, podendo durar até dez horas.
Assim como o tumor, a cirurgia também é rara. São cerca de três por ano, dentre as 500 feitas em todos os setores do Hospital de Amor de Barretos.
Segundo o médico, há duas opções de procedimento: por vídeo, com entrada das fibras óticas pelo nariz, como o caso do Eberth, e por corte.
“É uma cirurgia longa porque é extremamente profunda na base do crânio, um acesso muito particular, um acesso muito difícil. É uma região muito profunda e extremamente delicada. Então, ali em volta existem duas das principais artérias que fornecem suprimento sanguíneo para o cérebro, que são as carótidas internas. Atrás do clivus vai estar o tronco cerebral, nervos cranianos com funções importantes. Então, a gente está numa região muito complicada e a complexidade se dá pela profundidade do tumor”.
Caso o tumor não seja totalmente retirado, o paciente precisa passar por sessões de radioterapia cerca de 40 dias após a cirurgia. Segundo a literatura, o mais indicado para esses casos são os procedimentos por próton, indisponíveis no Brasil.
No entanto, de acordo com o neurocirurgião, a radioterapia por fóton, que é a mais tradicional, também pode ser feita e, por conta da modernização dos aparelhos, os resultados são parecidos.
“A radioterapia por próton é uma forma de radioterapia que tem uma penetração maior, mais precisa sobre o tumor. E aí ela fornece menor dano aos tecidos vizinhos. É possível manter uma alta dose na região tumoral, na região de interesse de tratamento, com menos dose que irá afetar tecidos circunvizinhos. Então, você tem uma radioterapia, digamos, mais indicada para esse tipo de doença (…) Hoje em dia, a radio por fóton é extremamente eficaz também. Com equipamentos modernos que nós temos, é possível dar uma alta dose no tumor com o menor nível de escape”.
Paciente recebe terapia de prótons no Hospital Universitário de Heidelberg, na Alemanha
Siemens Divulgação
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
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Arquivo Pessoal
O publicitário Eberth Melo, de 35 anos, passa nesta quarta-feira (9) por uma cirurgia que pode durar até dez horas para retirar um tumor raro na base do crânio. Ele é atendido no Hospital do Amor de Barretos (SP).
A doença foi diagnosticada há um ano na região do clivus, um osso entre o crânio e a coluna vertebral, após sentir fortes dores de cabeça. (Entenda mais sobre a doença abaixo)
No caso dele, o tumor tem um tamanho entre 3,5 e 4 centímetros e é considerado grande pelos médicos.
“Hoje eu sinto dor de cabeça todos os dias, todas as horas. Estou convivendo com a dor. Não tem remédio nenhum que passe. O tumor está numa posição que tampa a passagem do líquido para a coluna. Como está tampando, o líquido fica acumulando no centro do cérebro e dando pressão”, afirma.
Melo é cearense e conseguiu consulta em Barretos após um amigo indicar um médico em São Paulo que era especialista nesse tipo de tumor. Em Fortaleza (CE), onde mora, o publicitário aguardava em uma fila para o procedimento cirúrgico.
“Eu vim para cá [Barretos], fiquei 21 dias, fiz uma série de exames e marcaram a cirurgia. Enquanto isso, em Fortaleza, iria chamar daqui um, dois anos. Eu ganhei fôlego no tratamento”, diz.
Hospital de Amor, de Barretos (SP)
Sérgio Oliveira/EPTV
Rede de ajuda
Durante a estadia em Barretos, Melo ficou em uma pousada na região do hospital. Pela internet, conseguiu manter-se ativo no trabalho e também comunicar-se diariamente com a família, que ficou em Fortaleza. Ele é casado e tem dois filhos, um de três anos e outro de nove.
Foi também pela internet que resolveu ajudar pessoas de todas as regiões do país que buscam tratamento no Hospital de Amor.
Em uma rede social, Melo passou de publicitário para uma espécie de guia no interior paulista.
“Eu estou usando meu Instagram para ensinar as pessoas a vir para Barretos. Tem lá uma parte de utilidades, que estou dando dicas. Isso que está me mantendo ativo. E tem uns vídeos curtos da minha passagem. Esses vídeos são para o meu filho Miguel, que é autista. Na cabeça dele, só os beijos dele na minha testa de noite vão me curar. Então, faço vídeos para ele ver que estou bem, que estou sendo bem cuidado, e para ele se acalmar”.
Publicitário Eberth Melo com os filhos em Fortaleza, CE. Ele vai fazer uma cirurgia em Barretos, SP, nesta quarta
Arquivo Pessoal
Tumor no clivus é raro
O neurocirurgião Carlos Clara é o médico de Eberth Melo no Hospital de Amor de Barretos. Ele suspeita que o publicitário tenha o tumor do tipo cordoma, que corresponde a aproximadamente 0,2% de todos os tumores que atingem o sistema nervoso central.
“Mas também podem existir outros tipos de tumores chamados condrossarcomas. Ali podem estar metástases, linfomas. Mas o que a gente mais comumente vê são os cordomas. Sobre o Eberth, não tem 100% de certeza de que é o cordoma. A principal hipótese, e a mais provável, é de ser o cordoma. A chance é altíssima, mas a certeza absoluta disso é quando a gente tiver amostra do tumor, que vai ser analisada pelo patologista que vai confirmar se tratar de um cordoma”, explica.
Ainda de acordo com o médico, o cordoma tem origem na formação do indivíduo, quando ele ainda é um embrião. As células da região da notorcoda, que posteriormente será transformada em coluna vertebral, não se desenvolvem como o previsto e o tumor é gerado.
“Ele pode dar em qualquer ponto da coluna. O mais comum é no sacro, lá embaixo, e no clivus. É comum nas extremidades, mas pode estar em qualquer parte, na transição crânio-cervical, mas extremidades são mais comuns”, diz o neurocirurgião.
Eberth Melo faz tratamento de um tumor no clivus no Hospital de Amor de Barretos, SP
Arquivo Pessoal
Tratamento cirúrgico e com radioterapia
O tumor do clivus é tratado, primeiramente, com cirurgia. O procedimento é de risco e longo, podendo durar até dez horas.
Assim como o tumor, a cirurgia também é rara. São cerca de três por ano, dentre as 500 feitas em todos os setores do Hospital de Amor de Barretos.
Segundo o médico, há duas opções de procedimento: por vídeo, com entrada das fibras óticas pelo nariz, como o caso do Eberth, e por corte.
“É uma cirurgia longa porque é extremamente profunda na base do crânio, um acesso muito particular, um acesso muito difícil. É uma região muito profunda e extremamente delicada. Então, ali em volta existem duas das principais artérias que fornecem suprimento sanguíneo para o cérebro, que são as carótidas internas. Atrás do clivus vai estar o tronco cerebral, nervos cranianos com funções importantes. Então, a gente está numa região muito complicada e a complexidade se dá pela profundidade do tumor”.
Caso o tumor não seja totalmente retirado, o paciente precisa passar por sessões de radioterapia cerca de 40 dias após a cirurgia. Segundo a literatura, o mais indicado para esses casos são os procedimentos por próton, indisponíveis no Brasil.
No entanto, de acordo com o neurocirurgião, a radioterapia por fóton, que é a mais tradicional, também pode ser feita e, por conta da modernização dos aparelhos, os resultados são parecidos.
“A radioterapia por próton é uma forma de radioterapia que tem uma penetração maior, mais precisa sobre o tumor. E aí ela fornece menor dano aos tecidos vizinhos. É possível manter uma alta dose na região tumoral, na região de interesse de tratamento, com menos dose que irá afetar tecidos circunvizinhos. Então, você tem uma radioterapia, digamos, mais indicada para esse tipo de doença (…) Hoje em dia, a radio por fóton é extremamente eficaz também. Com equipamentos modernos que nós temos, é possível dar uma alta dose no tumor com o menor nível de escape”.
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