
Muralista colore ruas de Ribeirão Preto com rostos de mulheres e relata preconceito: ‘Achavam que era um homem que pintava’on março 8, 2022 at 9:01 am
- março 8, 2022 Joyce Sousa abdicou da carreira como professora para viver da arte urbana, hoje reconhecida. Ela fundou grupo que incentiva jovens artistas a conquistarem espaço na área. Murais da artista Joyce Sousa
Arte/g1
Cansada de ver as mulheres sendo retratadas de forma objetificada em meio a um cenário artístico predominantemente masculino, a muralista Joyce Sousa resolveu colorir as ruas de Ribeirão Preto (SP) com pinturas que exaltam a força da mulher.
Com pinceladas precisas, a artista plástica aproxima o público da vivência de visitas a museus ao transformar espaços que fazem parte da rotina dos moradores em telas de exposição.
Para Joyce, a figura feminina está relacionada à força da natureza e é justamente essa potência que ela busca trazer em seus retratos a partir da mistura de cores diversas e a presença de elementos naturais.
“Eu fico muito feliz em poder mostrar que as mulheres podem ser representadas em força, olhar e não somente em corpo ou uma conotação sexual”, aponta.
Muralista Joyce Sousa aponta importância da mulher no cenário artístico de Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Mulheres coloridas
Após passar cerca de dois anos trabalhando na identidade visual de suas pinturas, Joyce trocou os quadros pelas paredes e muros da cidade. Se antes a muralista sentia seu trabalho restrito a um determinado grupo de pessoas, foi graças às ruas que viu essa realidade se transformar.
“Gosto de ficar do outro lado da rua e ver as pessoas observando. Esse reconhecimento para um artista não tem preço, é como um ponto de esperança de que estamos no caminho certo”, diz.
Inspirada na fisionomia de amigas e mulheres desconhecidas que cruzaram e cruzam o caminho dela, a artista se orgulha em ter na fuga do tradicional uma parte crucial de suas obras.
“Eu gosto muito de trabalhar essa questão das cores, eu não uso cores tradicionais, eu gosto de fazer mulheres em verde, roxo e explorar bem essa questão da paleta de cores, tanto nos cabelos quanto nos retratos. Acabou virando minha identidade visual, as pessoas já me associam às mulheres coloridas”, afirma.
Muralista estampa rostos femininos pelas ruas de Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Vivendo da arte
Natural de Sertãozinho (SP), Joyce vive em Ribeirão Preto desde 2016. Aos 35 anos, a artista, que é formada em artes plásticas, conta que abdicou de sua carreira como professora para viver de sua arte.
Com pincéis em mãos e uma técnica inspirada no trabalho de artistas como Diego Rivera, a muralista aponta que o início de sua trajetória em busca de espaço para a sua arte demandou uma dose extra de determinação.
Em um meio pouco ocupado por mulheres e ainda sem reconhecimento no setor, a estratégia utilizada foi a de pintar murais de forma voluntária até que seu trabalho ganhasse notoriedade.
“No começo eu pedia de porta em porta para poder pintar. Eu fazia meu trabalho de forma totalmente voluntária, na cara e na coragem”, relembra.
Natural de Sertãozinho (SP), Joyce Sousa colore as ruas com figuras femininas
Arquivo pessoal
Aos poucos, a notoriedade chegou e atualmente Joyce recebe convites para colorir não só muros, mas também paredes de estabelecimentos e residências. Suas pinturas estampam espaços em cidades como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Londrina (PR), Belo Horizonte (MG) e Peruíbe (SP).
“Tenho recebido várias encomendas, já participei de trabalhos na região, geralmente são trabalhos comerciais em empresas ou em festivais de grafite”, diz.
As ‘mulheres coloridas’ de Joyce também fazem sucesso em latas de cerveja. Em um concurso promovido para artistas de todo o Brasil pela cervejaria “NaLata”, a sertanezina conquistou o 2º lugar e pôde estampar uma edição especial de latinhas.
Moradora de Ribeirão Preto (SP), Joyce Sousa conquistou segundo lugar em concurso para estampar lata de cerveja
Arquivo pessoal
União feminina
Responsável pela criação de um coletivo de mulheres muralistas, que atualmente conta com 15 artistas, Joyce acredita que a união feminina tem impulsionado a adesão delas às ruas.
O coletivo que recebeu o nome de ‘Monas’, em homenagem à Mona Lisa (La Gioconda), de Leonardo da Vinci, realiza trabalhos em muros da região e em estruturas maiores, como em uma escola estadual e no estádio municipal de Brodowski (SP).
“Um dos meus focos no trabalho é levantar mulheres para pintar nas ruas. Hoje a cena feminina está bem melhor e acredito que seja por conta desse apoio que uma dá à outra”, diz.
Muralista Joyce Sousa é conhecida pela pintura de “mulheres coloridas” em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Desafios nas ruas
Apesar de incentivar que as mulheres ocupem mais espaços nas ruas, Joyce não esconde que o dia a dia de uma artista urbana é por muitas vezes atravessado por experiências de machismo e até assédio.
Uma tarefa que para um homem pode parecer simples, como a de subir em uma escada para alcançar a parte mais alta de um muro, para uma mulher se torna um desafio. “Os caras passam e ficam mexendo, só de estar na rua já existe esse assédio”, diz.
Além do assédio explícito, episódios de machismo velado também são apontados pela artista como partes tristes e recorrentes em sua vida.
“O que é mais duro de ver é as pessoas não acreditarem que foi uma mulher que pintou. Eu comecei a assinar com meu Instagram porque as pessoas achavam que era um homem que pintava. Então tem toda essa questão da gente ter que provar que somos capazes”, afirma.
Diante aos desafios, Joyce projeta o desejo de que um dia a mulher, representada em suas obras com a vivacidade das cores e a força da natureza, possa alcançar o respeito que merece.
“Eu penso muito no respeito, em um futuro em que a mulher tenha o respeito que ela merece para ocupar todos os lugares na sociedade”, diz.
Joyce Sousa junto a um de seus murais em Jardinópolis (SP)
Arquivo pessoal
*Sob supervisão de Thaisa Figueiredo
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e regiãoJoyce Sousa abdicou da carreira como professora para viver da arte urbana, hoje reconhecida. Ela fundou grupo que incentiva jovens artistas a conquistarem espaço na área. Murais da artista Joyce Sousa
Arte/g1
Cansada de ver as mulheres sendo retratadas de forma objetificada em meio a um cenário artístico predominantemente masculino, a muralista Joyce Sousa resolveu colorir as ruas de Ribeirão Preto (SP) com pinturas que exaltam a força da mulher.
Com pinceladas precisas, a artista plástica aproxima o público da vivência de visitas a museus ao transformar espaços que fazem parte da rotina dos moradores em telas de exposição.
Para Joyce, a figura feminina está relacionada à força da natureza e é justamente essa potência que ela busca trazer em seus retratos a partir da mistura de cores diversas e a presença de elementos naturais.
“Eu fico muito feliz em poder mostrar que as mulheres podem ser representadas em força, olhar e não somente em corpo ou uma conotação sexual”, aponta.
Muralista Joyce Sousa aponta importância da mulher no cenário artístico de Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Mulheres coloridas
Após passar cerca de dois anos trabalhando na identidade visual de suas pinturas, Joyce trocou os quadros pelas paredes e muros da cidade. Se antes a muralista sentia seu trabalho restrito a um determinado grupo de pessoas, foi graças às ruas que viu essa realidade se transformar.
“Gosto de ficar do outro lado da rua e ver as pessoas observando. Esse reconhecimento para um artista não tem preço, é como um ponto de esperança de que estamos no caminho certo”, diz.
Inspirada na fisionomia de amigas e mulheres desconhecidas que cruzaram e cruzam o caminho dela, a artista se orgulha em ter na fuga do tradicional uma parte crucial de suas obras.
“Eu gosto muito de trabalhar essa questão das cores, eu não uso cores tradicionais, eu gosto de fazer mulheres em verde, roxo e explorar bem essa questão da paleta de cores, tanto nos cabelos quanto nos retratos. Acabou virando minha identidade visual, as pessoas já me associam às mulheres coloridas”, afirma.
Muralista estampa rostos femininos pelas ruas de Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Vivendo da arte
Natural de Sertãozinho (SP), Joyce vive em Ribeirão Preto desde 2016. Aos 35 anos, a artista, que é formada em artes plásticas, conta que abdicou de sua carreira como professora para viver de sua arte.
Com pincéis em mãos e uma técnica inspirada no trabalho de artistas como Diego Rivera, a muralista aponta que o início de sua trajetória em busca de espaço para a sua arte demandou uma dose extra de determinação.
Em um meio pouco ocupado por mulheres e ainda sem reconhecimento no setor, a estratégia utilizada foi a de pintar murais de forma voluntária até que seu trabalho ganhasse notoriedade.
“No começo eu pedia de porta em porta para poder pintar. Eu fazia meu trabalho de forma totalmente voluntária, na cara e na coragem”, relembra.
Natural de Sertãozinho (SP), Joyce Sousa colore as ruas com figuras femininas
Arquivo pessoal
Aos poucos, a notoriedade chegou e atualmente Joyce recebe convites para colorir não só muros, mas também paredes de estabelecimentos e residências. Suas pinturas estampam espaços em cidades como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Londrina (PR), Belo Horizonte (MG) e Peruíbe (SP).
“Tenho recebido várias encomendas, já participei de trabalhos na região, geralmente são trabalhos comerciais em empresas ou em festivais de grafite”, diz.
As ‘mulheres coloridas’ de Joyce também fazem sucesso em latas de cerveja. Em um concurso promovido para artistas de todo o Brasil pela cervejaria “NaLata”, a sertanezina conquistou o 2º lugar e pôde estampar uma edição especial de latinhas.
Moradora de Ribeirão Preto (SP), Joyce Sousa conquistou segundo lugar em concurso para estampar lata de cerveja
Arquivo pessoal
União feminina
Responsável pela criação de um coletivo de mulheres muralistas, que atualmente conta com 15 artistas, Joyce acredita que a união feminina tem impulsionado a adesão delas às ruas.
O coletivo que recebeu o nome de ‘Monas’, em homenagem à Mona Lisa (La Gioconda), de Leonardo da Vinci, realiza trabalhos em muros da região e em estruturas maiores, como em uma escola estadual e no estádio municipal de Brodowski (SP).
“Um dos meus focos no trabalho é levantar mulheres para pintar nas ruas. Hoje a cena feminina está bem melhor e acredito que seja por conta desse apoio que uma dá à outra”, diz.
Muralista Joyce Sousa é conhecida pela pintura de “mulheres coloridas” em Ribeirão Preto (SP)
Arquivo pessoal
Desafios nas ruas
Apesar de incentivar que as mulheres ocupem mais espaços nas ruas, Joyce não esconde que o dia a dia de uma artista urbana é por muitas vezes atravessado por experiências de machismo e até assédio.
Uma tarefa que para um homem pode parecer simples, como a de subir em uma escada para alcançar a parte mais alta de um muro, para uma mulher se torna um desafio. “Os caras passam e ficam mexendo, só de estar na rua já existe esse assédio”, diz.
Além do assédio explícito, episódios de machismo velado também são apontados pela artista como partes tristes e recorrentes em sua vida.
“O que é mais duro de ver é as pessoas não acreditarem que foi uma mulher que pintou. Eu comecei a assinar com meu Instagram porque as pessoas achavam que era um homem que pintava. Então tem toda essa questão da gente ter que provar que somos capazes”, afirma.
Diante aos desafios, Joyce projeta o desejo de que um dia a mulher, representada em suas obras com a vivacidade das cores e a força da natureza, possa alcançar o respeito que merece.
“Eu penso muito no respeito, em um futuro em que a mulher tenha o respeito que ela merece para ocupar todos os lugares na sociedade”, diz.
Joyce Sousa junto a um de seus murais em Jardinópolis (SP)
Arquivo pessoal
*Sob supervisão de Thaisa Figueiredo
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
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