Médico suspeito de erro em Franca, SP, diz que cursos de especialização e experiência garantem atuação dele como dermatologistaon agosto 5, 2022 at 9:00 am
- agosto 5, 2022 Ricardo Bovo Junqueira não tem Registro de Qualificação de Especialidade exigido pelo Cremesp e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Paciente diz ter perdido parte da visão após blefaroplastia. Médico suspeito de erro atua sem registro de especialidade em dermatologia em Franca, SP
O médico Ricardo Bovo Junqueira, investigado por suspeita de erro em um procedimento nas pálpebras de uma paciente em Franca (SP), afirma que pode atuar como dermatologista por ter feito cursos de pós-graduação e já ter experiência de atuação na área.
“A questão é que para se registrar no CRM, você tem dois caminhos: ou você faz a residência médica e registra diretamente ou você faz a pós-graduação, atua um período e depois faz o registro, que é o meu caso. Eu já tenho esse período de atuação e já posso registrar o meu RQE”, diz o médico.
A afirmação, no entanto, contraria o que dizem o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), já que Junqueira não tem o Registro de Qualificação de Especialista (RQE), exigido para desempenhar a atividade.
Nas redes sociais e no próprio site, Junqueira se apresenta como dermatologista, especialista em cirurgia da pele, remoção de tatuagens, harmonização facial, queda de cabelo, tratamentos a laser, peelings e rejuvenescimento.
Segundo entidades de classe, o médico Ricardo Bovo Junqueira não tem registro de qualificação de especialista (RQE), o que o impede de atuar como dermatologista em Franca, SP
Reprodução/Instagram
Segundo a SBD, ao concluir a faculdade de medicina, o médico pode atuar em todas as áreas. Mas, para ser especialista em alguma delas, deve concluir residência médica correspondente ou especialização equivalente, com duração mínima de 3 anos e carga horária semanal variando entre 40 e 60 horas.
Neste último caso, o profissional deve ser aprovado em prova de título da sociedade médica da especialidade correspondente. O título deve ser submetido ao Conselho Regional de Medicina do estado onde irá atuar.
“Trata-se de um longo e rigoroso treinamento em serviço (…). Além disso, os profissionais precisam estar regularmente inscritos nos seus Conselhos Regionais de Medicina com seus títulos também regularmente registrados. Só após esse longo caminho, podem se anunciar como dermatologistas”, afirma a SBD.
Ainda de acordo com a entidade, o médico pode ser punido caso esteja atuando irregularmente.
Médico Ricardo Bovo Junqueira não tem especialidade de dermatologista atribuída ao CRM Franca, SP
Reprodução/Cremesp
O médico de Franca afirma que os cursos feitos por ele em instituições no Brasil onde obteve diplomas garantem o exercício regular da atividade.
“Eu tenho capacitação para trabalhar como dermatologista, tenho curso de pós-graduação em dermatologia, que foi feito durante três anos, fiz um curso de especialização no [Hospital Israelita] Albert Einstein de dois anos em medicina estética e mais dois anos em uma outra instituição. Todos esses cursos são reconhecidos pelo MEC. Atuo como dermatologista desde 2016, 2015”, diz Junqueira.
Denúncia de erro
A situação do médico no Cremesp foi identificada depois que a designer de sobrancelhas Taisa Helena Ferreira Oliveira o denunciou em julho deste ano ao órgão. Ele teria cometido um erro durante um procedimento de blefaroplastia — que é a retirada do excesso de pele das pálpebras.
O Cremesp abriu sindicância, que tramita em sigilo, e a Polícia Civil abriu inquérito para apurar o crime de lesão corporal grave.
Taisa alega ter sido submetida a cirurgia no consultório de Junqueira em fevereiro, mediante o pagamento de R$ 2,5 mil. Segundo a paciente, nenhuma avaliação ou exame prévio foi solicitado pelo médico.
Durante o procedimento, ela diz ter sentido uma “dor fora do normal” e percebido um barulho interno que pareceu o “estouro de um pneu de caminhão”.
Mulher de Franca (SP) passou por blefaroplastia, mas diz ter ficado com sequelas por causa de complicações
Arquivo pessoal
Após receber alta, a designer teve complicações. A filha dela afirma que um dos olhos chegou a cair.
Taisa conta que voltou ao consultório para ser reavaliada pelo médico no mesmo dia e que só foi transferida para um hospital por insistência de colegas de Junqueira chamados para ajudá-lo no atendimento.
Segundo prontuário do hospital, Taisa foi submetida a uma correção cirúrgica de fissura palpebral devido a um hematoma pós-blefaroplastia. A médica que passou a acompanhá-la detectou lesões no olho esquerdo e perda parcial da visão.
Junqueira nega que tenha cometido qualquer erro e afirma que prestou o suporte necessário.
“Toda assistência foi dada a ela, todo suporte. No momento que ela reclamou que estava tendo sangramento ou a dor anormal, eu pedi que retornasse e a partir daí, toda assistência foi dada a ela, inclusive financeira.”
Assistentes de dermatologista fazem compressas nos olhos de Taísa após cirurgia em Franca, SP
Arquivo pessoal
Relato de comportamento agressivo
A empresária Cinthia Souza Martins também relatou problemas em um procedimento realizado por Junqueira na filha dela, de 9 anos. Segundo ela, o médico teria sido agressivo durante um tratamento na menina.
No fim de 2021, Cinthia procurou o médico para tratar estrias na criança, e Junqueira indicou um pacote de seis sessões de laser por R$ 2 mil. Logo na primeira aplicação, a mãe diz ter ficado insegura.
“Foi bem triste. A minha filha chorou muito, por conta de ser um choque, né, queima. É um procedimento normal queimar, mas ele foi bem agressivo no dia, falou para ela que ela estava parecendo um bicho, que estava pior que um bebê recém-nascido, então ela assustou muito.”
Marcas após sessão com laser em menina de 9 anos em Franca, SP
Arquivo pessoal
Por causa das dores durante o procedimento, Cinthia pediu para a sessão ser interrompida e as duas deixaram o consultório.
Dias depois, ainda segundo a empresária, a secretária de Junqueira entrou em contato para que continuassem, só que a assistente dele aplicaria o laser em vez do médico.
“Foi quando eu voltei com minha filha e a assistente dele que fez todo o procedimento. A gente fez cinco sessões e aí foi quando eu resolvi parar. Minha mãe também tentou levar ela, minha madrinha tentou levar ela, mas o comportamento foi o mesmo. Ela sentia muita dor”.
Cinthia conta que encontrou uma dermatologista que a orientou a interromper o tratamento e que a menina, por conta da idade, não poderia ser submetida a sessões a laser.
“Ela teria que estar formando o corpo primeiro e entrar com o tratamento só com 13 anos de idade. A doutora pediu que eu não desse continuidade por conta da idade dela e entrou com tratamento somente com creme”.
O que diz o médico
Junqueira afirma que o tratamento a laser não tem limitação de idade. “Existem lasers que nós usamos desde pacientes com 2, 3 anos de idade e o intuito do laser é melhorar esteticamente a questão, a queixa da mãe”.
Segundo ele, antes do procedimento, a mãe é orientada e assina um termo de consentimento.
“E fica sabendo que, após a aplicação a laser, a criança, o paciente, vai ficar com dois a três dias de vermelhidão local. Muito importante salientar que essa vermelhidão é passageira, a gente não tem sequela, a paciente não fica com nenhuma marca e ela melhora após o procedimento. O procedimento é voluntário. A paciente nos procura e insiste em fazer”.
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e regiãoRicardo Bovo Junqueira não tem Registro de Qualificação de Especialidade exigido pelo Cremesp e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Paciente diz ter perdido parte da visão após blefaroplastia. Médico suspeito de erro atua sem registro de especialidade em dermatologia em Franca, SP
O médico Ricardo Bovo Junqueira, investigado por suspeita de erro em um procedimento nas pálpebras de uma paciente em Franca (SP), afirma que pode atuar como dermatologista por ter feito cursos de pós-graduação e já ter experiência de atuação na área.
“A questão é que para se registrar no CRM, você tem dois caminhos: ou você faz a residência médica e registra diretamente ou você faz a pós-graduação, atua um período e depois faz o registro, que é o meu caso. Eu já tenho esse período de atuação e já posso registrar o meu RQE”, diz o médico.
A afirmação, no entanto, contraria o que dizem o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), já que Junqueira não tem o Registro de Qualificação de Especialista (RQE), exigido para desempenhar a atividade.
Nas redes sociais e no próprio site, Junqueira se apresenta como dermatologista, especialista em cirurgia da pele, remoção de tatuagens, harmonização facial, queda de cabelo, tratamentos a laser, peelings e rejuvenescimento.
Segundo entidades de classe, o médico Ricardo Bovo Junqueira não tem registro de qualificação de especialista (RQE), o que o impede de atuar como dermatologista em Franca, SP
Reprodução/Instagram
Segundo a SBD, ao concluir a faculdade de medicina, o médico pode atuar em todas as áreas. Mas, para ser especialista em alguma delas, deve concluir residência médica correspondente ou especialização equivalente, com duração mínima de 3 anos e carga horária semanal variando entre 40 e 60 horas.
Neste último caso, o profissional deve ser aprovado em prova de título da sociedade médica da especialidade correspondente. O título deve ser submetido ao Conselho Regional de Medicina do estado onde irá atuar.
“Trata-se de um longo e rigoroso treinamento em serviço (…). Além disso, os profissionais precisam estar regularmente inscritos nos seus Conselhos Regionais de Medicina com seus títulos também regularmente registrados. Só após esse longo caminho, podem se anunciar como dermatologistas”, afirma a SBD.
Ainda de acordo com a entidade, o médico pode ser punido caso esteja atuando irregularmente.
Médico Ricardo Bovo Junqueira não tem especialidade de dermatologista atribuída ao CRM Franca, SP
Reprodução/Cremesp
O médico de Franca afirma que os cursos feitos por ele em instituições no Brasil onde obteve diplomas garantem o exercício regular da atividade.
“Eu tenho capacitação para trabalhar como dermatologista, tenho curso de pós-graduação em dermatologia, que foi feito durante três anos, fiz um curso de especialização no [Hospital Israelita] Albert Einstein de dois anos em medicina estética e mais dois anos em uma outra instituição. Todos esses cursos são reconhecidos pelo MEC. Atuo como dermatologista desde 2016, 2015”, diz Junqueira.
Denúncia de erro
A situação do médico no Cremesp foi identificada depois que a designer de sobrancelhas Taisa Helena Ferreira Oliveira o denunciou em julho deste ano ao órgão. Ele teria cometido um erro durante um procedimento de blefaroplastia — que é a retirada do excesso de pele das pálpebras.
O Cremesp abriu sindicância, que tramita em sigilo, e a Polícia Civil abriu inquérito para apurar o crime de lesão corporal grave.
Taisa alega ter sido submetida a cirurgia no consultório de Junqueira em fevereiro, mediante o pagamento de R$ 2,5 mil. Segundo a paciente, nenhuma avaliação ou exame prévio foi solicitado pelo médico.
Durante o procedimento, ela diz ter sentido uma “dor fora do normal” e percebido um barulho interno que pareceu o “estouro de um pneu de caminhão”.
Mulher de Franca (SP) passou por blefaroplastia, mas diz ter ficado com sequelas por causa de complicações
Arquivo pessoal
Após receber alta, a designer teve complicações. A filha dela afirma que um dos olhos chegou a cair.
Taisa conta que voltou ao consultório para ser reavaliada pelo médico no mesmo dia e que só foi transferida para um hospital por insistência de colegas de Junqueira chamados para ajudá-lo no atendimento.
Segundo prontuário do hospital, Taisa foi submetida a uma correção cirúrgica de fissura palpebral devido a um hematoma pós-blefaroplastia. A médica que passou a acompanhá-la detectou lesões no olho esquerdo e perda parcial da visão.
Junqueira nega que tenha cometido qualquer erro e afirma que prestou o suporte necessário.
“Toda assistência foi dada a ela, todo suporte. No momento que ela reclamou que estava tendo sangramento ou a dor anormal, eu pedi que retornasse e a partir daí, toda assistência foi dada a ela, inclusive financeira.”
Assistentes de dermatologista fazem compressas nos olhos de Taísa após cirurgia em Franca, SP
Arquivo pessoal
Relato de comportamento agressivo
A empresária Cinthia Souza Martins também relatou problemas em um procedimento realizado por Junqueira na filha dela, de 9 anos. Segundo ela, o médico teria sido agressivo durante um tratamento na menina.
No fim de 2021, Cinthia procurou o médico para tratar estrias na criança, e Junqueira indicou um pacote de seis sessões de laser por R$ 2 mil. Logo na primeira aplicação, a mãe diz ter ficado insegura.
“Foi bem triste. A minha filha chorou muito, por conta de ser um choque, né, queima. É um procedimento normal queimar, mas ele foi bem agressivo no dia, falou para ela que ela estava parecendo um bicho, que estava pior que um bebê recém-nascido, então ela assustou muito.”
Marcas após sessão com laser em menina de 9 anos em Franca, SP
Arquivo pessoal
Por causa das dores durante o procedimento, Cinthia pediu para a sessão ser interrompida e as duas deixaram o consultório.
Dias depois, ainda segundo a empresária, a secretária de Junqueira entrou em contato para que continuassem, só que a assistente dele aplicaria o laser em vez do médico.
“Foi quando eu voltei com minha filha e a assistente dele que fez todo o procedimento. A gente fez cinco sessões e aí foi quando eu resolvi parar. Minha mãe também tentou levar ela, minha madrinha tentou levar ela, mas o comportamento foi o mesmo. Ela sentia muita dor”.
Cinthia conta que encontrou uma dermatologista que a orientou a interromper o tratamento e que a menina, por conta da idade, não poderia ser submetida a sessões a laser.
“Ela teria que estar formando o corpo primeiro e entrar com o tratamento só com 13 anos de idade. A doutora pediu que eu não desse continuidade por conta da idade dela e entrou com tratamento somente com creme”.
O que diz o médico
Junqueira afirma que o tratamento a laser não tem limitação de idade. “Existem lasers que nós usamos desde pacientes com 2, 3 anos de idade e o intuito do laser é melhorar esteticamente a questão, a queixa da mãe”.
Segundo ele, antes do procedimento, a mãe é orientada e assina um termo de consentimento.
“E fica sabendo que, após a aplicação a laser, a criança, o paciente, vai ficar com dois a três dias de vermelhidão local. Muito importante salientar que essa vermelhidão é passageira, a gente não tem sequela, a paciente não fica com nenhuma marca e ela melhora após o procedimento. O procedimento é voluntário. A paciente nos procura e insiste em fazer”.
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