
Filha de Carolina Maria de Jesus conhece rua em homenagem à mãe em Ribeirão Preto, SPon agosto 24, 2022 at 9:01 am
- agosto 24, 2022 Mãe solo, negra e pobre, Carolina ficou conhecida mundialmente pela obra ‘Quarto de Despejo: Diário de uma favelada’. Escritora é homenageada na 21ª Feira Internacional do Livro na cidade. Filha de Carolina Maria de Jesus conhece rua em homenagem à mãe em Ribeirão Preto
Em visita a Ribeirão Preto (SP), a filha da escritora Maria Carolina de Jesus, Vera Eunice de Jesus, conheceu a rua em homenagem à sua mãe, localizada no bairro Ipiranga, zona Norte de Ribeirão Preto (SP) e ficou emocionada.
Negra, pobre e mãe solo, Carolina é conhecida mundialmente pelo livro “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, obra best seller publicada em 16 países, onde ela relata suas vivências.
“Quando eu cheguei aqui na rua, a primeira coisa que me passou pela cabeça foram os caminhos que minha mãe percorreu. Tem várias ruas com o nome dela, mas essa me tocou, porque saber que ela saiu de Sacramento (MG) e veio andando. Então eu fico imaginando como foi a vida dela, passando pelas cidades, trabalhando como empregada doméstica. Eu fiquei emocionada e adorei a homenagem”, conta Vera.
Rua de Ribeirão Preto (SP) ganhou nome de escritora Carolina Maria de Jesus
Carlos Trinca e José Augusto Júnior/EPTV
Homenagens
Na 21ª edição da Feira Internacional do Livro (FIL) em Ribeirão Preto, Carolina é uma das homenageadas e foi tema de uma mesa redonda que reuniu, além de Vera, a atriz e cantora Zezé Motta e o jornalista Tom Farias, biógrafo da autora.
Para Vera, a homenagem tanto no nome da rua, como na Feira, são formas de perpetuar a memória de sua mãe, que faleceu no dia 13 de fevereiro de 1977 e lhe deixou como pedido que ela continuasse disseminando sua obra e vida. Esse pedido, segundo a filha, veio por meio de uma carta entregue pela vizinha.
“E hoje é isso que eu tenho feito. Colocar a Carolina no alto, que é onde ela merece e tem que ficar, porque é uma escritora periférica, que fala a linguagem popular, que passou por todos os momentos que a maioria dos brasileiros hoje estão passando, além de ser mãe solo, uma representante muito grande para as mulheres. Então eu acho que ela ser homenageada nessa feira internacional é mais um passo que eu estou dando para propagar a memória dela. Ela não vai morrer nunca.”
Mulher, negra, pobre e mãe solo, a escritora Carolina sustentava a si e seus três filhos como catadora de papeis
Arquivo
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Vera cumpre o pedido da mãe, levando a obra e a vida de Carolina pelo mundo. França, Estados Unidos e Alemanha foram alguns dos países que ela visitou para dar palestras sobre a luta das mulheres e também a escrita.
“Ela é uma pessoa internacional, minha mãe é uma escritora negra, brasileira, internacional. O que eu escuto das mulheres é que elas também são Carolinas, aqui no Brasil e lá fora, somos todas Carolinas. O maior sonho da Carolina não era ser rica, o sonho dela era ser uma escritora”, conta entusiasmada.
Na 21ª edição da Feira Internacional do Livro (FIL) em Ribeirão Preto (SP), Carolina é uma das homenageadas.
Carlos Trinca e José Augusto Júnior/EPTV
Uma vida de luta
Da vida dura e injusta, a escritora criou a poesia. Nascida em Sacramento em 14 de março de 1914, Carolina é uma das autoras mais importantes no Brasil. Filha de pais analfabetos, seu desejo por leitura e escrita surgiu na escola, onde a escritora pôde frequentar até o segundo ano.
Aos 23 anos, seus desafios se intensificaram. Após a morte de sua mãe, Carolina foi para o estado de São Paulo, morando em Ribeirão Preto e Franca por um período, onde trabalhou como doméstica. Já na capital, passou a maior parte de sua vida na favela do Canindé, na zona Norte de São Paulo (SP), recolhendo recicláveis.
“Eu me lembro que ela catava papel de dia e a noite ela ia nos circos para ganhar um dinheiro a mais. Ela tinha uma fantasia toda iluminada, que ela mesma confeccionou. Ela colocava na tomada, as luzes da fantasia acendiam e ela declamava poemas”, relembra Vera.
Resiliência e garra são palavras que definem Carolina, que criou os três filhos sozinhas na favela. As dificuldades, fizeram a escritora se tornar rígida e super protetora com os filhos.
Apesar de tudo, Carolina sempre prezou pela educação dos filhos. Segundo Vera, ela cantava e lia muito para ela e seus irmãos e, antes mesmo de entrar na escola, ela já sabia ler e escrever graças à mãe, que falava “não temos comida, mas temos leitura”.
“Minha mãe era muito brava, mas tinha que ser, porque uma mulher sozinha, morando em uma favela, com três crianças, e eu sendo menina ainda. Uma mãe super protetora. Ela tinha cinco furos de canivetadas na perna, porque uma vez foram em cima do meu irmão mais velho e ela pôs as pernas na frente para proteger”, relembra a filha.
Carolina Maria de Jesus e os três filhos: João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice de Jesus.
Reprodução/ Redes sociais
Quarto de Despejo
A desigualdade, a fome e o racismo, presentes na vida de Carolina, foram a base para ela descrever de forma real toda as injustiças que passou em sua vida. Escrito em 1950 e publicado em 1960, o livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” é um dos livros mais lidos no Brasil.
Na obra, Carolina conta as reflexões sobre a sociedade e as privações que passou na capital paulista e que ainda ecoam nos dias de hoje.
“Eu sempre falo que se minha mãe voltasse e pudesse escrever um livro, ela não teria problema, porque ‘Quarto de Despejo’ é um livro muito atual, ela poderia escrever igualzinho, até um pouco mais carregado de problemas que a gente tem”, desabafa Vera.
Apesar do teor delicado da obra em contar as misérias vividas por Carolina, o livro é um sonho realizado dela, que sempre sonhou em ser escritora e conquistou com a ajuda do jornalista Audálio Dantas.
“Eu não lembro da minha mãe ter sido uma mulher feliz, ela em Sacramento teve uma série de problemas, depois veio para favela, aí teve que criar os filhos. Mas, quando ela viu o nome dela grafado no livro ‘Quarto de Despejo’, alí eu percebi, ela ficou muito feliz, ela se realizou.”
‘Quarto de Despejo: Diário de uma favelada’ é um dos livros mais lidos do Brasil
Reprodução/EPTV
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e regiãoMãe solo, negra e pobre, Carolina ficou conhecida mundialmente pela obra ‘Quarto de Despejo: Diário de uma favelada’. Escritora é homenageada na 21ª Feira Internacional do Livro na cidade. Filha de Carolina Maria de Jesus conhece rua em homenagem à mãe em Ribeirão Preto
Em visita a Ribeirão Preto (SP), a filha da escritora Maria Carolina de Jesus, Vera Eunice de Jesus, conheceu a rua em homenagem à sua mãe, localizada no bairro Ipiranga, zona Norte de Ribeirão Preto (SP) e ficou emocionada.
Negra, pobre e mãe solo, Carolina é conhecida mundialmente pelo livro “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, obra best seller publicada em 16 países, onde ela relata suas vivências.
“Quando eu cheguei aqui na rua, a primeira coisa que me passou pela cabeça foram os caminhos que minha mãe percorreu. Tem várias ruas com o nome dela, mas essa me tocou, porque saber que ela saiu de Sacramento (MG) e veio andando. Então eu fico imaginando como foi a vida dela, passando pelas cidades, trabalhando como empregada doméstica. Eu fiquei emocionada e adorei a homenagem”, conta Vera.
Rua de Ribeirão Preto (SP) ganhou nome de escritora Carolina Maria de Jesus
Carlos Trinca e José Augusto Júnior/EPTV
Homenagens
Na 21ª edição da Feira Internacional do Livro (FIL) em Ribeirão Preto, Carolina é uma das homenageadas e foi tema de uma mesa redonda que reuniu, além de Vera, a atriz e cantora Zezé Motta e o jornalista Tom Farias, biógrafo da autora.
Para Vera, a homenagem tanto no nome da rua, como na Feira, são formas de perpetuar a memória de sua mãe, que faleceu no dia 13 de fevereiro de 1977 e lhe deixou como pedido que ela continuasse disseminando sua obra e vida. Esse pedido, segundo a filha, veio por meio de uma carta entregue pela vizinha.
“E hoje é isso que eu tenho feito. Colocar a Carolina no alto, que é onde ela merece e tem que ficar, porque é uma escritora periférica, que fala a linguagem popular, que passou por todos os momentos que a maioria dos brasileiros hoje estão passando, além de ser mãe solo, uma representante muito grande para as mulheres. Então eu acho que ela ser homenageada nessa feira internacional é mais um passo que eu estou dando para propagar a memória dela. Ela não vai morrer nunca.”
Mulher, negra, pobre e mãe solo, a escritora Carolina sustentava a si e seus três filhos como catadora de papeis
Arquivo
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Vera cumpre o pedido da mãe, levando a obra e a vida de Carolina pelo mundo. França, Estados Unidos e Alemanha foram alguns dos países que ela visitou para dar palestras sobre a luta das mulheres e também a escrita.
“Ela é uma pessoa internacional, minha mãe é uma escritora negra, brasileira, internacional. O que eu escuto das mulheres é que elas também são Carolinas, aqui no Brasil e lá fora, somos todas Carolinas. O maior sonho da Carolina não era ser rica, o sonho dela era ser uma escritora”, conta entusiasmada.
Na 21ª edição da Feira Internacional do Livro (FIL) em Ribeirão Preto (SP), Carolina é uma das homenageadas.
Carlos Trinca e José Augusto Júnior/EPTV
Uma vida de luta
Da vida dura e injusta, a escritora criou a poesia. Nascida em Sacramento em 14 de março de 1914, Carolina é uma das autoras mais importantes no Brasil. Filha de pais analfabetos, seu desejo por leitura e escrita surgiu na escola, onde a escritora pôde frequentar até o segundo ano.
Aos 23 anos, seus desafios se intensificaram. Após a morte de sua mãe, Carolina foi para o estado de São Paulo, morando em Ribeirão Preto e Franca por um período, onde trabalhou como doméstica. Já na capital, passou a maior parte de sua vida na favela do Canindé, na zona Norte de São Paulo (SP), recolhendo recicláveis.
“Eu me lembro que ela catava papel de dia e a noite ela ia nos circos para ganhar um dinheiro a mais. Ela tinha uma fantasia toda iluminada, que ela mesma confeccionou. Ela colocava na tomada, as luzes da fantasia acendiam e ela declamava poemas”, relembra Vera.
Resiliência e garra são palavras que definem Carolina, que criou os três filhos sozinhas na favela. As dificuldades, fizeram a escritora se tornar rígida e super protetora com os filhos.
Apesar de tudo, Carolina sempre prezou pela educação dos filhos. Segundo Vera, ela cantava e lia muito para ela e seus irmãos e, antes mesmo de entrar na escola, ela já sabia ler e escrever graças à mãe, que falava “não temos comida, mas temos leitura”.
“Minha mãe era muito brava, mas tinha que ser, porque uma mulher sozinha, morando em uma favela, com três crianças, e eu sendo menina ainda. Uma mãe super protetora. Ela tinha cinco furos de canivetadas na perna, porque uma vez foram em cima do meu irmão mais velho e ela pôs as pernas na frente para proteger”, relembra a filha.
Carolina Maria de Jesus e os três filhos: João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice de Jesus.
Reprodução/ Redes sociais
Quarto de Despejo
A desigualdade, a fome e o racismo, presentes na vida de Carolina, foram a base para ela descrever de forma real toda as injustiças que passou em sua vida. Escrito em 1950 e publicado em 1960, o livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” é um dos livros mais lidos no Brasil.
Na obra, Carolina conta as reflexões sobre a sociedade e as privações que passou na capital paulista e que ainda ecoam nos dias de hoje.
“Eu sempre falo que se minha mãe voltasse e pudesse escrever um livro, ela não teria problema, porque ‘Quarto de Despejo’ é um livro muito atual, ela poderia escrever igualzinho, até um pouco mais carregado de problemas que a gente tem”, desabafa Vera.
Apesar do teor delicado da obra em contar as misérias vividas por Carolina, o livro é um sonho realizado dela, que sempre sonhou em ser escritora e conquistou com a ajuda do jornalista Audálio Dantas.
“Eu não lembro da minha mãe ter sido uma mulher feliz, ela em Sacramento teve uma série de problemas, depois veio para favela, aí teve que criar os filhos. Mas, quando ela viu o nome dela grafado no livro ‘Quarto de Despejo’, alí eu percebi, ela ficou muito feliz, ela se realizou.”
‘Quarto de Despejo: Diário de uma favelada’ é um dos livros mais lidos do Brasil
Reprodução/EPTV
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