
Fenasucro 2022: entenda como técnicas de reúso podem diminuir consumo de água na agriculturaon agosto 19, 2022 at 7:31 pm
- agosto 19, 2022 Cerca de 70% dos recursos hídricos utilizados no mundo são destinados a atividades agrícolas, mas índice pode ser reduzido com métodos. Assunto é destaque em feira de bioenergia em Sertãozinho. Processo de reúso de água industrial foi desenvolvido por empresa de Bebedouro (SP)
Divulgação/Mecat
Alternativa contra os altos índices de consumo de água na agricultura, o reúso industrial foi um dos destaques do terceiro dia da Fenasucro & Agrocana, em Sertãozinho, que termina nesta sexta-feira (19). Nas palestras e nos estandes, empresários e especialistas discutiram a necessidade de tornar o campo mais sustentável nesse quesito.
O agronegócio é comprovadamente a atividade socioeconômica que mais consome água em todo o mundo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 70% de todo o recurso hídrico utilizado vai para atividades do campo. No Brasil, o índice não é diferente disso.
Para esmagar uma tonelada de cana, por exemplo, são necessários de dois mil a 20 mil litros de água. Para produzir um quilo de carne de boi, cerca de 15 mil litros. Entre os cultivos, a soja se destaca, com 1,8 mil litro para cada quilo.
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A FAO estima ainda que 60% da água de irrigação de lavouras é desperdiçada. Se fosse possível reduzir em 10% essa perda, a economia poderia abastecer o dobro da população do globo, que se aproxima dos 8 bilhões de habitantes.
Equipamento de empresa de Bebedouro (SP) prensa resíduos da cana para extração de água
Lucas Faleiros/g1
Tecnologias de reúso
O desenvolvimento de algumas tecnologias pode ajudar a diminuir o impacto negativo. Um dos expositores da feira no interior de São Paulo, o Grupo Mecat, de Bebedouro (SP), apresenta como novidade um equipamento que prensa resíduos de usinas sucroenergéticas para extrair a água presente neles. Posteriormente, o líquido, que seria descartado com o restante do material, é reutilizado pela empresa em outros tipos de processos. Já o resíduo prensado pode virar adubo para as plantações.
“O procedimento gera uma economia, em média, de seis mil litros de água por hora. Além disso, o número de viagens feitas por caminhões para transportar aquele resíduo cai de 38 para seis. É redução de custos, de mão de obra, de combustível utilizado e de poluição”, afirma Layane Barros, diretora de marketing do Grupo Mecat.
Especialista em gestão sucroalcooleira, o engenheiro químico José Bertoli explica que a água “salva” pode ser reaproveitada de diferentes maneiras.
Segundo ele, o uso de técnicas como o compressor de resíduos é fundamental não só para a dinâmica das empresas, mas para o meio ambiente. Isso porque os resíduos industriais são altamente poluentes, para o solo e para cursos d’água.
Reúso de água industrial pode diminuir consumo na agropecuária
Divulgação/Mecat
A legislação brasileira determina que eles sejam tratados e destinados corretamente por quem os gera.
“Praticamente todas as usinas fazem algum tipo de reúso, mas podemos muito mais. Além de tudo, parte dessas águas possui energia. Então, nosso foco passa a ser aproveitá-las em caldeiras ou sistemas de resfriamento, por exemplo. Todo esse efeito provoca um descarte menor e, em 100% dos casos, a gente consegue traduzir em ganhos financeiros e ambientais”, afirma Bertoli
O equipamento da Mecat é resultado de cinco anos de pesquisas. A água extraída pelo compactador tem sido usada também por outras empresas, na lavagem de cascas de frutas e legumes, em processos envolvidos na produção de etanol de milho e na desidratação de lodos provenientes da lavagem de gases de caldeiras na produção de açúcar e etanol.
Usina de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/EPTV
Hidrogênio verde
Outra possibilidade de reúso da água residual está relacionada ao hidrogênio verde, considerado o combustível do futuro.
Segundo Renato Vitalino Gonçalves, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, e coordenador de projetos no Centro de Pesquisa para Inovação em Gases do Efeito Estufa (RGCI), nada impede que os recursos hídricos usados pelas usinas, como a água de lavagem da cana, sejam direcionados para extração da substância.
“Seria possível utilizar a água de reúso para a geração de hidrogênio verde porque só precisamos da água para formá-lo. Para os processos eletroquímicos, porém, seria necessário ter um controle de pH e filtragem de matéria orgânica da cana, o que poderia ser resolvido com materiais baratos, como o carbonato.”
Placas fotovoltaicas podem também ser usadas para fazer sombra ao gado
Dinâmica/Divulgação
Pecuária e outras áreas
Na criação do gado, o simples fato de haver sombra à disposição dos animais pode diminuir o consumo de água em três litros por cabeça ao dia, aponta uma nova pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em sua regional Pecuária Sudeste, em São Carlos.
Se o projeto pudesse ser aplicado a todos os animais abatidos no Brasil no ano de 2019, por exemplo, a economia seria o equivalente a 600 piscinas olímpicas.
“Estamos vendo que, em várias regiões do Brasil, a falta de água tem sido algo bem sério, especialmente em períodos de seca.”
No estudo, 48 animais da raça Nelore foram monitorados. Eles tiveram sombra disponibilizada por uma tela que bloqueia cerca de 80% da luz solar. Segundo o professor Júlio Palhares, um dos coordenadores do projeto, além de gerar economia, a iniciativa propicia maior bem-estar ao gado.
Segundo especialistas, as experiências bem-sucedidas no agronegócio devem se estender para outros ramos industriais, como o farmacêutico, o cosmético, além de fortalecer o alimentício. A própria Mecat se prepara para a entrada nesses mercados.
“Já estamos nos segmentos sucroenergético, sucocítrico e na produção de tomates. Ainda estamos consolidando dados antes de lançar a tecnologia em novos setores”, diz Layane.
*Colaborou Lucas Faleiros
Veja mais notícias do campo na região de Ribeirão Preto e Franca
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Divulgação/Mecat
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O agronegócio é comprovadamente a atividade socioeconômica que mais consome água em todo o mundo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 70% de todo o recurso hídrico utilizado vai para atividades do campo. No Brasil, o índice não é diferente disso.
Para esmagar uma tonelada de cana, por exemplo, são necessários de dois mil a 20 mil litros de água. Para produzir um quilo de carne de boi, cerca de 15 mil litros. Entre os cultivos, a soja se destaca, com 1,8 mil litro para cada quilo.
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Lucas Faleiros/g1
Tecnologias de reúso
O desenvolvimento de algumas tecnologias pode ajudar a diminuir o impacto negativo. Um dos expositores da feira no interior de São Paulo, o Grupo Mecat, de Bebedouro (SP), apresenta como novidade um equipamento que prensa resíduos de usinas sucroenergéticas para extrair a água presente neles. Posteriormente, o líquido, que seria descartado com o restante do material, é reutilizado pela empresa em outros tipos de processos. Já o resíduo prensado pode virar adubo para as plantações.
“O procedimento gera uma economia, em média, de seis mil litros de água por hora. Além disso, o número de viagens feitas por caminhões para transportar aquele resíduo cai de 38 para seis. É redução de custos, de mão de obra, de combustível utilizado e de poluição”, afirma Layane Barros, diretora de marketing do Grupo Mecat.
Especialista em gestão sucroalcooleira, o engenheiro químico José Bertoli explica que a água “salva” pode ser reaproveitada de diferentes maneiras.
Segundo ele, o uso de técnicas como o compressor de resíduos é fundamental não só para a dinâmica das empresas, mas para o meio ambiente. Isso porque os resíduos industriais são altamente poluentes, para o solo e para cursos d’água.
Reúso de água industrial pode diminuir consumo na agropecuária
Divulgação/Mecat
A legislação brasileira determina que eles sejam tratados e destinados corretamente por quem os gera.
“Praticamente todas as usinas fazem algum tipo de reúso, mas podemos muito mais. Além de tudo, parte dessas águas possui energia. Então, nosso foco passa a ser aproveitá-las em caldeiras ou sistemas de resfriamento, por exemplo. Todo esse efeito provoca um descarte menor e, em 100% dos casos, a gente consegue traduzir em ganhos financeiros e ambientais”, afirma Bertoli
O equipamento da Mecat é resultado de cinco anos de pesquisas. A água extraída pelo compactador tem sido usada também por outras empresas, na lavagem de cascas de frutas e legumes, em processos envolvidos na produção de etanol de milho e na desidratação de lodos provenientes da lavagem de gases de caldeiras na produção de açúcar e etanol.
Usina de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/EPTV
Hidrogênio verde
Outra possibilidade de reúso da água residual está relacionada ao hidrogênio verde, considerado o combustível do futuro.
Segundo Renato Vitalino Gonçalves, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, e coordenador de projetos no Centro de Pesquisa para Inovação em Gases do Efeito Estufa (RGCI), nada impede que os recursos hídricos usados pelas usinas, como a água de lavagem da cana, sejam direcionados para extração da substância.
“Seria possível utilizar a água de reúso para a geração de hidrogênio verde porque só precisamos da água para formá-lo. Para os processos eletroquímicos, porém, seria necessário ter um controle de pH e filtragem de matéria orgânica da cana, o que poderia ser resolvido com materiais baratos, como o carbonato.”
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Dinâmica/Divulgação
Pecuária e outras áreas
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Se o projeto pudesse ser aplicado a todos os animais abatidos no Brasil no ano de 2019, por exemplo, a economia seria o equivalente a 600 piscinas olímpicas.
“Estamos vendo que, em várias regiões do Brasil, a falta de água tem sido algo bem sério, especialmente em períodos de seca.”
No estudo, 48 animais da raça Nelore foram monitorados. Eles tiveram sombra disponibilizada por uma tela que bloqueia cerca de 80% da luz solar. Segundo o professor Júlio Palhares, um dos coordenadores do projeto, além de gerar economia, a iniciativa propicia maior bem-estar ao gado.
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*Colaborou Lucas Faleiros
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