Família de idosa trocada por erro de Santa Casa em SP após morte vai acionar Justiça: ‘Isso jamais deve acontecer’on dezembro 3, 2024 at 2:49 pm
- dezembro 3, 2024 Corpo de Neide Basso foi enviado à família da paciente Neide Rossi, internada no hospital em Ribeirão Preto. Ela chegou a ser velada em Cravinhos até que amiga da idosa viva percebeu troca. Erro de comunicação termina com velório de mulher que está viva
Familiares de Neide Basso, de 81 anos, que teve o corpo velado por outra família devido a um erro da Santa Casa de Ribeirão Preto (SP) e por pouco não foi enterrada em Cravinhos (SP), pretende acionar a Justiça. O jornalista Daniel Basso, irmão da idosa, registrou um boletim de ocorrência.
“É triste pra minha família toda e pra família de Cravinhos que passou por tudo isso, indo para o velório de uma pessoa que não estava morta. Isso jamais deve acontecer”, afirma.
Neide Basso, que é de Pontal (SP) e estava internada para tratar uma infecção urinária, morreu no sábado (30). O corpo dela foi liberado no lugar de Neide Rossi, de 73 anos, que segue internada na Santa Casa e tem pneumonia.
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A troca só foi percebida no domingo (1º), quando a família de Neide Rossi já velava o corpo de Neide Basso em Cravinhos. Uma amiga da aposentada foi quem percebeu o erro.
“Assim que eu cheguei perto do caixão, eu vi que não era ela. Mas aí você tem que ficar na sua. Depois foram chegando os outros vizinhos e falaram: ‘não, essa não é a Neide’. O sobrinho chegou e falou: ‘não está parecendo minha tia’. Eu falei: não está mesmo”, diz Odete Oliveira dos Santos, vizinha de Neide Rossi há mais de 50 anos.
Neide Basso de Oliveira, de 81 anos, foi velada inicialmente por desconhecidos em Cravinhos, SP
Reprodução/EPTV
Inquieta, Odete procurou um funcionário da funerária e avisou-o sobre um suposto erro. Foi neste momento que eles conferiram o atestado de óbito e a documentação e confirmaram que a Santa Casa de Ribeirão Preto havia liberado o corpo de outra pessoa.
“Eu pedi para o Gilberto deixar eu ver os papéis da mulher. Chamei a namorada do Juninho, que é filho da Neide, e aí eu fui pegar o Juninho na sala do velório. Ele falou: ‘Odete, eu conheço minha mãe’. Eu falei: Ju, você não está enxergando, você está vendo sua mãe, mas não é sua mãe. Você me perdoe, mas eu não vou deixar fazer isso com a sua mãe, não. Estava chegando a hora do enterro”, diz.
A nora entrou em contato com a polícia e com a Santa Casa. A funerária devolveu o corpo de Neide Basso ao hospital no domingo.
Morte comunicada à família certa um dia depois
O jornalista Daniel Basso conta que só soube da morte da irmã no domingo, quando Neide já era velada em Cravinhos.
“Olha o absurdo. Ligaram para uma família de Cravinhos dizendo que tinha morrido uma tal de Neide, e a mulher, a paciente de Cravinhos, chama Neide, mas o sobrenome é totalmente diferente, não tem nada a ver com o sobrenome da minha irmã. E levaram essa Neide para Cravinhos, que é minha irmã”.
O jornalista Daniel Basso, irmão da aposentada Neide Basso, que morreu em Ribeirão Preto e teve o corpo enviado a uma família de Cravinhos, SP
Cacá Trovó/EPTV
Ele estava a caminho da Santa Casa para a visita, quando recebeu o telefonema de um sobrinho, que já estava no hospital, dizendo que tinha sido informado que Neide tinha morrido há um dia.
“Ninguém ligou pra gente, inclusive quando ela foi internada, eu coloquei os telefones de todos os irmãos, são cinco. Eu ainda liguei para todos, porque pensei, às vezes ligaram e vocês não atenderam. Mas não tinha ligação, ninguém ficou sabendo de nada. A gente só soube porque era o horário de visita”, diz.
Tristeza e constrangimento
Do outro lado, havia a família e os amigos de Neide Rossi em luto por uma morte que não aconteceu.
“Todos nós choramos. São mais de 50 anos que somos vizinhos, todos nós ficamos muito tristes. Só dela ter ficado internada, já estávamos tristes. A hora que falaram que ela tinha falecido então”, relata Odete.
À esquerda, Neide Basso de Oliveira, que morreu; à direita, Neide Rossi Benzi, que está viva
Reprodução/EPTV
Daniel classifica o erro como algo inacreditável e diz que faltou respeito ao ser humano.
“É desgastante, primeiro pela perda, porque não é fácil você perder um irmão. Por outro lado, pelo descaso. Você pensa que está em um mundo totalmente bagunçado, é um descaso com a vida, falta de respeito com o ser humano.”
Santa Casa e funerária
Procurada, a Santa Casa de Ribeirão admitiu uma inconsistência na comunicação. O hospital informou, em nota, que ocorreu uma inconsistência na comunicação com as famílias e disse que presta sua solidariedade aos familiares.
“A instituição reforça seu compromisso e se coloca à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos à família, oferecendo todo o acolhimento necessário, suporte e assistência.”
Ainda segundo a Santa Casa, uma análise interna detalhada foi iniciada para a apuração dos fatos.
A funerária responsável pelo transporte do corpo até Cravinhos atribuiu a culpa à Santa Casa. Segundo Gilberto Boldrin, toda documentação foi conferida pelas pessoas responsáveis pela liberação.
Santa Casa de Ribeirão Preto, SP
Cacá Trovó/EPTV
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão e Franca
Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e regiãoCorpo de Neide Basso foi enviado à família da paciente Neide Rossi, internada no hospital em Ribeirão Preto. Ela chegou a ser velada em Cravinhos até que amiga da idosa viva percebeu troca. Erro de comunicação termina com velório de mulher que está viva
Familiares de Neide Basso, de 81 anos, que teve o corpo velado por outra família devido a um erro da Santa Casa de Ribeirão Preto (SP) e por pouco não foi enterrada em Cravinhos (SP), pretende acionar a Justiça. O jornalista Daniel Basso, irmão da idosa, registrou um boletim de ocorrência.
“É triste pra minha família toda e pra família de Cravinhos que passou por tudo isso, indo para o velório de uma pessoa que não estava morta. Isso jamais deve acontecer”, afirma.
Neide Basso, que é de Pontal (SP) e estava internada para tratar uma infecção urinária, morreu no sábado (30). O corpo dela foi liberado no lugar de Neide Rossi, de 73 anos, que segue internada na Santa Casa e tem pneumonia.
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A troca só foi percebida no domingo (1º), quando a família de Neide Rossi já velava o corpo de Neide Basso em Cravinhos. Uma amiga da aposentada foi quem percebeu o erro.
“Assim que eu cheguei perto do caixão, eu vi que não era ela. Mas aí você tem que ficar na sua. Depois foram chegando os outros vizinhos e falaram: ‘não, essa não é a Neide’. O sobrinho chegou e falou: ‘não está parecendo minha tia’. Eu falei: não está mesmo”, diz Odete Oliveira dos Santos, vizinha de Neide Rossi há mais de 50 anos.
Neide Basso de Oliveira, de 81 anos, foi velada inicialmente por desconhecidos em Cravinhos, SP
Reprodução/EPTV
Inquieta, Odete procurou um funcionário da funerária e avisou-o sobre um suposto erro. Foi neste momento que eles conferiram o atestado de óbito e a documentação e confirmaram que a Santa Casa de Ribeirão Preto havia liberado o corpo de outra pessoa.
“Eu pedi para o Gilberto deixar eu ver os papéis da mulher. Chamei a namorada do Juninho, que é filho da Neide, e aí eu fui pegar o Juninho na sala do velório. Ele falou: ‘Odete, eu conheço minha mãe’. Eu falei: Ju, você não está enxergando, você está vendo sua mãe, mas não é sua mãe. Você me perdoe, mas eu não vou deixar fazer isso com a sua mãe, não. Estava chegando a hora do enterro”, diz.
A nora entrou em contato com a polícia e com a Santa Casa. A funerária devolveu o corpo de Neide Basso ao hospital no domingo.
Morte comunicada à família certa um dia depois
O jornalista Daniel Basso conta que só soube da morte da irmã no domingo, quando Neide já era velada em Cravinhos.
“Olha o absurdo. Ligaram para uma família de Cravinhos dizendo que tinha morrido uma tal de Neide, e a mulher, a paciente de Cravinhos, chama Neide, mas o sobrenome é totalmente diferente, não tem nada a ver com o sobrenome da minha irmã. E levaram essa Neide para Cravinhos, que é minha irmã”.
O jornalista Daniel Basso, irmão da aposentada Neide Basso, que morreu em Ribeirão Preto e teve o corpo enviado a uma família de Cravinhos, SP
Cacá Trovó/EPTV
Ele estava a caminho da Santa Casa para a visita, quando recebeu o telefonema de um sobrinho, que já estava no hospital, dizendo que tinha sido informado que Neide tinha morrido há um dia.
“Ninguém ligou pra gente, inclusive quando ela foi internada, eu coloquei os telefones de todos os irmãos, são cinco. Eu ainda liguei para todos, porque pensei, às vezes ligaram e vocês não atenderam. Mas não tinha ligação, ninguém ficou sabendo de nada. A gente só soube porque era o horário de visita”, diz.
Tristeza e constrangimento
Do outro lado, havia a família e os amigos de Neide Rossi em luto por uma morte que não aconteceu.
“Todos nós choramos. São mais de 50 anos que somos vizinhos, todos nós ficamos muito tristes. Só dela ter ficado internada, já estávamos tristes. A hora que falaram que ela tinha falecido então”, relata Odete.
À esquerda, Neide Basso de Oliveira, que morreu; à direita, Neide Rossi Benzi, que está viva
Reprodução/EPTV
Daniel classifica o erro como algo inacreditável e diz que faltou respeito ao ser humano.
“É desgastante, primeiro pela perda, porque não é fácil você perder um irmão. Por outro lado, pelo descaso. Você pensa que está em um mundo totalmente bagunçado, é um descaso com a vida, falta de respeito com o ser humano.”
Santa Casa e funerária
Procurada, a Santa Casa de Ribeirão admitiu uma inconsistência na comunicação. O hospital informou, em nota, que ocorreu uma inconsistência na comunicação com as famílias e disse que presta sua solidariedade aos familiares.
“A instituição reforça seu compromisso e se coloca à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos à família, oferecendo todo o acolhimento necessário, suporte e assistência.”
Ainda segundo a Santa Casa, uma análise interna detalhada foi iniciada para a apuração dos fatos.
A funerária responsável pelo transporte do corpo até Cravinhos atribuiu a culpa à Santa Casa. Segundo Gilberto Boldrin, toda documentação foi conferida pelas pessoas responsáveis pela liberação.
Santa Casa de Ribeirão Preto, SP
Cacá Trovó/EPTV
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