Família brasileira passa 17 horas detida em sala de aeroporto sem comida após ser barrada no Méxicoon julho 19, 2022 at 11:39 pm
- julho 19, 2022 Moradores de Sertãozinho e Ribeirão Preto viajavam de férias a Cancun. Passaportes e celulares foram confiscados após apresentarem documento desatualizado baixado do site de companhia aérea para ingressar no país. Moradores da região de Ribeirão Preto são barrados no México
O que era para ser uma viagem de férias virou um pesadelo para uma família com moradores de Sertãozinho (SP) e Ribeirão Preto (SP). Eles dizem que ficaram 17 horas sem água e sem comida detidos em uma sala de aeroporto em Cancun, na última quinta-feira (14), após terem a entrada barrada no México.
“Levaram a gente para uma sala em que você não consegue ver nada do lado de fora. Disseram que um funcionário da Copa iria procurar a gente, trancaram a gente lá e nunca nenhum funcionário da Copa apareceu para conversar com a gente”, diz a empresária Bianca Vanzella Meloni.
Bianca, o marido, os pais, uma tia, uma prima, o irmão e a cunhada foram levados pela polícia do país após terem uma autorização de imigração negada por estar desatualizada. O documento foi preenchido no próprio site da companhia aérea, a Copa Airlines.
Eles tiveram os passaportes e os celulares confiscados, mas conseguiram filmar, com uma minicâmera, as condições às quais foram submetidos no país.
A família só deixou a sala na madrugada de sexta-feira (15) após ser escoltada para um voo da Copa Airlines de volta ao Brasil.
Brasileiros registraram imigrantes ilegais dormindo no chão em sala do aeroporto de Cancun, no México
Arquivo pessoal
Documentação desatualizada
A empresária e os parentes saíram do Brasil para o Panamá no dia 11 de julho. No país, passaram três dias e, no dia 14, às 9h30, embarcaram em um voo para o México. O objetivo era passar uma semana em Cancun. Com hotel reservado e passagem de volta comprada, os planos foram frustrados.
Para entrar no México, é necessário que o turista tenha passaporte, visto, seguro viagem, passagem de volta, comprovantes financeiros e de hospedagem. Além disso, desde o dia 11 de dezembro de 2021, o governo exige o preenchimento de uma autorização eletrônica para imigrantes.
De acordo com a empresária, a família estava com toda a documentação certa e a autorização eletrônica foi baixada do próprio site da Copa Airlines e preenchida. Contudo, até o momento da entrada no México, ela não havia sido exigida.
“A gente viu tudo, inclusive alguns itens como, precisa de cartão de vacina? Não. Precisa de teste de Covid? Não. Quarentena? Não. Precisa de algo a mais para entrar no país? Não precisa.”
Família de Ribeirão Preto teve celulares e passaportes confiscados por autoridades mexicanas no aeroporto de Cancun
Reprodução/EPTV
Ao desembarcarem no país, por volta das 12h25 do dia 14 de julho, a autorização foi negada na imigração e a família foi informada que o formulário estava desatualizado. Bianca e os parentes tentaram baixar o documento correto, mas o sistema do governo mexicano apresentava instabilidade.
“Nós recebemos no e-mail uma confirmação do governo do México que o formulário estava ok. Mas na hora de passar pela imigração, informaram que aquele não era o formulário correto. A gente chegou a ver o novo e percebemos que o documento era praticamente igual, somente mudava o layout. Isso induz muito ao erro”, diz a empresária.
Descaso
Segundo Bianca, a família comunicou a imigração que o site estava com problemas, e uma funcionária levou o grupo para uma sala do aeroporto, sem os passaportes e os celulares. O caso foi repassado para a polícia, que informou à família que eles não entrariam no México por conta do formulário.
Nesse momento, a família tentou argumentar pedindo para voltar ao Panamá para preencher o formulário correto, também tentou mostrar todos os comprovantes, mas as autoridades disseram que eles teriam que conversar com a companhia aérea.
“Em momento algum eles fizeram a entrevista com a gente para ver se a gente tinha o hotel pago. Fomos para essa sala, que de fora você não consegue ver o que tem, então na minha cabeça iam ter guichês das companhias para resolverem nosso problema”, diz Bianca.
Folhas de alumínio usadas por detidos na imigração mexicana do aeroporto de Cancun
Arquivo pessoal
Sem comida, água e higiene
Para surpresa de Bianca, a família foi levada à sala onde estavam pessoas que tentavam entrar de forma ilegal nos EUA, pela fronteira do México. De acordo com Bianca, os banheiros estavam entupidos, os colchonetes estavam sujos e as folhas de alumínio para aquecimento eram insuficientes.
A todo momento, a família pediu por comida, mas nenhuma autoridade ou funcionário apareceu para dar orientação. Algumas horas depois de detidos, o pai de Bianca começou a passar mal.
“Eu comecei a bater na porta e pedir socorro, foi quando apareceu um policial para levar alguém. Eu comecei a chorar, falei que meu pai estava passando mal, porque ele tomava remédio controlado, que ele precisava de comida e ele começou a dar risada. Daí eu falei ‘se meu pai morrer, o que vocês vão fazer?’ Ele só falava ‘eu não posso fazer nada, quem pode trazer comida é a Copa Airlines.”
Às 22h a companhia forneceu um lanche e, 30 minutos depois, a família recebeu autorização para fazer uma ligação. Bianca ligou para um primo advogado e o orientou a intervir caso eles não fossem liberados no dia seguinte.
Brasileiros mostram banheiro sujo na sala do aeroporto de Cancun, no México
Arquivo pessoal
Como foram autorizados a pegar roupas na mala para se aquecerem, a prima de Bianca aproveitou para pegar uma câmera sem que os agentes vissem, e a família registrou as condições do lugar.
“Tinha um pessoal com uma garrafinha cheia de xixi jogando futebol. Outras pessoas chamaram a gente para fazer rebelião. Eles chegavam e falavam ‘esquece, vocês não vão sair daqui tão cedo’”, diz Bianca.
Às 5h30 de sexta-feira (15), a família conseguiu sair e embarcar em um voo para o Brasil, sob escolta. No caminho, pediram novamente para poder comer e beber água, mas o pedido foi negado.
“Tudo isso aconteceu pelo fato deles desconfiarem que a gente iria para os EUA ilegalmente. A gente já viajou inúmeras vezes para os EUA com a família toda. Por que faríamos isso?”, desabafa Bianca.
Mais prejuízos
Antes de embarcar, Bianca conta que foi obrigada a despachar a bagagem de mão, onde guardava itens de valor e outros objetos pessoais. Ao desembarcar no Brasil, descobriu que a mala tinha sido perdida e as demais bagagens do grupo estavam estouradas. Vários pertences foram furtados, segundo a empresária.
“Tinha um colar que minha bisavó trouxe da Itália e minha vó me deu antes de morrer. O dinheiro nunca vai me pagar.”
Nas redes sociais, Bianca relatou o que passou com a família no México. A empresária diz que após a repercussão do vídeo, a Copa Airlines entrou em contato para solicitar o número da mala extraviada, mas depois não retornou mais.
A família também está em contato com advogados para acionar a companhia judicialmente.
Família de Ribeirão Preto e Sertãozinho diz que itens da bagagem foram furtados e uma mala foi extraviada na viagem do México para o Brasil
Arquivo pessoal
Problemas com brasileiros
Em nota publicada no dia 9 de junho deste ano, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que centenas de brasileiros relataram o mesmo problema e disse que está acompanhando a situação do problema técnico da autorização eletrônica para ingresso no México.
A pasta ainda comunicou que o Itamaraty solicitou, em alto nível, providências urgentes ao governo mexicano, por meio da Secretaria de Relações Exteriores, da Secretaria de Turismo e do Instituto Nacional de Migração.
Ao g1, o Itamaraty informou nesta terça-feira que a admissão de cidadãos brasileiros ou não no país deve seguir regras de transparência e respeito aos direitos humanos.
“Embora a admissão e a eventual revisão do status migratório de estrangeiros seja prerrogativa absoluta e soberana do governo de cada país, a Embaixada do Brasil na Cidade do México tem insistido junto às autoridades mexicanas para que a recepção e o tratamento de todos os cidadãos brasileiros, admitidos em território mexicano ou não, aconteçam com base em regras públicas e transparentes e dentro do mais restrito respeito aos direitos humanos de cada indivíduo.”
O g1 tentou contato com a Copa Airlines durante esta terça-feira, mas ninguém atendeu nos números de telefone informados no site da companhia no Brasil até a publicação desta matéria.
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e regiãoMoradores de Sertãozinho e Ribeirão Preto viajavam de férias a Cancun. Passaportes e celulares foram confiscados após apresentarem documento desatualizado baixado do site de companhia aérea para ingressar no país. Moradores da região de Ribeirão Preto são barrados no México
O que era para ser uma viagem de férias virou um pesadelo para uma família com moradores de Sertãozinho (SP) e Ribeirão Preto (SP). Eles dizem que ficaram 17 horas sem água e sem comida detidos em uma sala de aeroporto em Cancun, na última quinta-feira (14), após terem a entrada barrada no México.
“Levaram a gente para uma sala em que você não consegue ver nada do lado de fora. Disseram que um funcionário da Copa iria procurar a gente, trancaram a gente lá e nunca nenhum funcionário da Copa apareceu para conversar com a gente”, diz a empresária Bianca Vanzella Meloni.
Bianca, o marido, os pais, uma tia, uma prima, o irmão e a cunhada foram levados pela polícia do país após terem uma autorização de imigração negada por estar desatualizada. O documento foi preenchido no próprio site da companhia aérea, a Copa Airlines.
Eles tiveram os passaportes e os celulares confiscados, mas conseguiram filmar, com uma minicâmera, as condições às quais foram submetidos no país.
A família só deixou a sala na madrugada de sexta-feira (15) após ser escoltada para um voo da Copa Airlines de volta ao Brasil.
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Documentação desatualizada
A empresária e os parentes saíram do Brasil para o Panamá no dia 11 de julho. No país, passaram três dias e, no dia 14, às 9h30, embarcaram em um voo para o México. O objetivo era passar uma semana em Cancun. Com hotel reservado e passagem de volta comprada, os planos foram frustrados.
Para entrar no México, é necessário que o turista tenha passaporte, visto, seguro viagem, passagem de volta, comprovantes financeiros e de hospedagem. Além disso, desde o dia 11 de dezembro de 2021, o governo exige o preenchimento de uma autorização eletrônica para imigrantes.
De acordo com a empresária, a família estava com toda a documentação certa e a autorização eletrônica foi baixada do próprio site da Copa Airlines e preenchida. Contudo, até o momento da entrada no México, ela não havia sido exigida.
“A gente viu tudo, inclusive alguns itens como, precisa de cartão de vacina? Não. Precisa de teste de Covid? Não. Quarentena? Não. Precisa de algo a mais para entrar no país? Não precisa.”
Família de Ribeirão Preto teve celulares e passaportes confiscados por autoridades mexicanas no aeroporto de Cancun
Reprodução/EPTV
Ao desembarcarem no país, por volta das 12h25 do dia 14 de julho, a autorização foi negada na imigração e a família foi informada que o formulário estava desatualizado. Bianca e os parentes tentaram baixar o documento correto, mas o sistema do governo mexicano apresentava instabilidade.
“Nós recebemos no e-mail uma confirmação do governo do México que o formulário estava ok. Mas na hora de passar pela imigração, informaram que aquele não era o formulário correto. A gente chegou a ver o novo e percebemos que o documento era praticamente igual, somente mudava o layout. Isso induz muito ao erro”, diz a empresária.
Descaso
Segundo Bianca, a família comunicou a imigração que o site estava com problemas, e uma funcionária levou o grupo para uma sala do aeroporto, sem os passaportes e os celulares. O caso foi repassado para a polícia, que informou à família que eles não entrariam no México por conta do formulário.
Nesse momento, a família tentou argumentar pedindo para voltar ao Panamá para preencher o formulário correto, também tentou mostrar todos os comprovantes, mas as autoridades disseram que eles teriam que conversar com a companhia aérea.
“Em momento algum eles fizeram a entrevista com a gente para ver se a gente tinha o hotel pago. Fomos para essa sala, que de fora você não consegue ver o que tem, então na minha cabeça iam ter guichês das companhias para resolverem nosso problema”, diz Bianca.
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Sem comida, água e higiene
Para surpresa de Bianca, a família foi levada à sala onde estavam pessoas que tentavam entrar de forma ilegal nos EUA, pela fronteira do México. De acordo com Bianca, os banheiros estavam entupidos, os colchonetes estavam sujos e as folhas de alumínio para aquecimento eram insuficientes.
A todo momento, a família pediu por comida, mas nenhuma autoridade ou funcionário apareceu para dar orientação. Algumas horas depois de detidos, o pai de Bianca começou a passar mal.
“Eu comecei a bater na porta e pedir socorro, foi quando apareceu um policial para levar alguém. Eu comecei a chorar, falei que meu pai estava passando mal, porque ele tomava remédio controlado, que ele precisava de comida e ele começou a dar risada. Daí eu falei ‘se meu pai morrer, o que vocês vão fazer?’ Ele só falava ‘eu não posso fazer nada, quem pode trazer comida é a Copa Airlines.”
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“Tinha um colar que minha bisavó trouxe da Itália e minha vó me deu antes de morrer. O dinheiro nunca vai me pagar.”
Nas redes sociais, Bianca relatou o que passou com a família no México. A empresária diz que após a repercussão do vídeo, a Copa Airlines entrou em contato para solicitar o número da mala extraviada, mas depois não retornou mais.
A família também está em contato com advogados para acionar a companhia judicialmente.
Família de Ribeirão Preto e Sertãozinho diz que itens da bagagem foram furtados e uma mala foi extraviada na viagem do México para o Brasil
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A pasta ainda comunicou que o Itamaraty solicitou, em alto nível, providências urgentes ao governo mexicano, por meio da Secretaria de Relações Exteriores, da Secretaria de Turismo e do Instituto Nacional de Migração.
Ao g1, o Itamaraty informou nesta terça-feira que a admissão de cidadãos brasileiros ou não no país deve seguir regras de transparência e respeito aos direitos humanos.
“Embora a admissão e a eventual revisão do status migratório de estrangeiros seja prerrogativa absoluta e soberana do governo de cada país, a Embaixada do Brasil na Cidade do México tem insistido junto às autoridades mexicanas para que a recepção e o tratamento de todos os cidadãos brasileiros, admitidos em território mexicano ou não, aconteçam com base em regras públicas e transparentes e dentro do mais restrito respeito aos direitos humanos de cada indivíduo.”
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