Controle de água, colheita no inverno: conheça vinho produzido na ‘capital do chope’ com premiação de selo internacionalon agosto 15, 2022 at 1:25 pm
- agosto 15, 2022 Vinícola Terras Altas, que colheu primeira safra em 2019 em Ribeirão Preto (SP), deve produzir 38 mil garrafas em 2022. Empreendimento está em região que avança nesse mercado, por causa das características climáticas. Uva produzida na Vinícola Terras Altas, em Ribeirão Preto (SP)
Divulgação/ Vinícola Terras Altas
Busca por qualidade, colheita no inverno, controle de água. Essas são algumas das características da produção de uvas Syrah, variedade francesa que garantiu medalha de ouro no Brazil Wine Challenge 2022 a um vinho produzido em Ribeirão Preto (SP), historicamente conhecida como “capital do chope” e sem tradição na viticultura.
Entregue em junho deste ano, o prêmio promovido pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), em Bento Gonçalves (RS), foi concedido ao “Entre Rios”, da Vinícola Terras Altas.
O concurso, em sua 11ª edição, é o único no Brasil reconhecido pela Organização Internacional de Uva e Vinho (OIV). Recebeu 903 amostras de 15 países, que foram avaliadas por 74 especialistas – no ano passado, foram 774 amostras. Com a medalha, o vinho entrou para um seleto time de rótulos da Bahia, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo que também foram contemplados.
Para o presidente da ABE, André Gasperin, essa diversidade de regiões presentes demonstra como o Brasil tem ampliado seu leque de produção, antes restrito a estados como Rio Grande do Sul.
“É lindo e motivo de orgulho ver que novas regiões estão entre os destaques. O Brasil, esse continente de solos e climas, nos permite viajar pelos sentidos e fazer grandes descobertas.”
Ao longo dessa reportagem, você poderá conferir, em tópicos, um pouco do histórico dessa conquista.
Vinho premiado
A produção da uva: fatores climáticos
Evolução das vinícolas na região
Planejando o futuro
Ricardo Baldo, responsável pela Vinícola Terras Altas, em Ribeirão Preto (SP)
Divulgação/ Vinícola Terras Altas
1.Vinho premiado
O vinho premiado foi uma dessas descobertas a que se refere o presidente da ABE. Paralelamente ao Brazil Wine Challenge, a vinícola enviou o “Entre Rios” – assim chamado em homenagem a um dos primeiros nomes que a cidade de Ribeirão Preto teve – a outro concurso, o The Counter World Wine Awards, em Londres, onde obteve duas medalhas de bronze.
Segundo o engenheiro agrônomo Ricardo Baldo, que cuida da produção de uvas da Terras Altas, os resultados foram uma surpresa. Ele explica que o objetivo era ter um parecer dos concursos. Saber quais características chamavam mais a atenção, para que o sistema de produção fosse validado.
“Não temos histórico de alguma vinícola que tenha feito um vinho pela primeira vez, mandado para um concurso europeu e conseguido uma premiação. Isso nos animou muito. Veio para nos trazer uma segurança de que estamos no caminho certo, que o nosso sistema de produção está bem alinhado com o que o público espera com relação a qualidade”, afirma Baldo.
O vinho premiado no concurso da ABE foi da safra 2020. Já para Londres, foram enviadas amostras de 2020 e de 2019, ano em que a vinícola colheu sua primeira safra de syrah. Este de 2019 foi feito em barris de aço inox e depois passou doze meses em barricas de carvalho francês.
Barrica da Terras Altas, vinícola de Ribeirão Preto (SP)
Divulgação/ Terras Altas
“Com isso, começamos a fazer uma linha de vinhos barricados, que têm uma estrutura maior, um aporte de aromas diferenciado e um tratamento mais delicado. Eles demandam mais tempo, paciência e muito detalhe”, conta Ricardo.
Já o de 2020 não teve a influência da madeira, apenas do aço inox. “Esse representa todo o nosso terroir de Ribeirão Preto, todas as condições climáticas que a região apresenta. Conseguimos sentir tudo isso: os dias quentes, as noites geladas, a escassez de uva, no vinho.”
Uva Syrah produzida pela Vinícola Terras Altas, em Ribeirão Preto (SP)
Divulgação/Vinícola Terras Altas
2.Produção da uva: fatores climáticos
Justamente por causa dessas características climáticas, a uva precisa receber um tratamento diferente do das produzidas na Europa, que são colhidas no verão. Aqui, a colheita é feita no inverno, entre julho e agosto.
Para que isso seja possível, a uva passa por um sistema de dupla poda, que “engana” a planta. De acordo com Baldo, caso o processo ocorresse naturalmente e a colheita fosse em períodos quentes e chuvosos, isso traria problemas, como doenças no final do ciclo, o que resultaria em um vinho de baixa qualidade.
“Só alcançamos o nível de qualidade atual porque usamos essa técnica de colheita no inverno, que é quando temos dias ensolarados, sem dias nublados, com noites frias e muita radiação solar, além da amplitude térmica entre dias e noites. Fora isso, a altitude da região também contribui para o processo de maturação da uva”, diz Baldo.
O agrônomo elenca outros fatores que são fundamentais para uma alta qualidade da fruta. Primeiro, é o controle da produtividade. Diferente de outras culturas, para as quais se busca sempre ampliar a quantidade colhida, a uva para o vinho perde qualidade se isso acontece. Por isso, na vinícola são colhidas de seis a oito toneladas por hectare, enquanto vinhos mais comerciais trabalham com 30 a 35.
O teto de produção da Terras Altas foi estabelecido em 100 mil garrafas por ano. Com a colheita da safra anterior, em 2021, de 40 toneladas, serão envasadas em 2022 38 mil garrafas, principalmente de vinho tinto, o preferido na região.
Outro ponto citado por Baldo tem a ver com o estresse da planta. Ele explica que a uva se desenvolve geralmente em solos pobres, bem diferente do que existe em Ribeirão Preto, a terra roxa, de alta fertilidade.
Nesse caso, o foco está na água. Como a maturação é no inverno, a uva não consegue retirar do solo todo o recurso hídrico de que precisa. Ela entra em deficit nutricional controlado e passa a produzir mais açúcares e polifenois, importantes para a obtenção de um vinho de qualidade.
“Essa produção de polifenol é uma proteção da planta. É como se ela estivesse se fortificando. A uva sofrer na fase de maturação é extremamente interessante e conseguimos fazer isso por estarmos no inverno. No ciclo normal, não teríamos isso.”
Videiras cultivadas desde 2016 na vinícola Marchese di Ivrea em Ituverava
Arquivo pessoal
3.Evolução das vinícolas na região
A técnica de produção adotada pela Terras Altas foi consolidada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a partir do ano 2000. Também nessa época, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu alguns estudos técnicos que apontavam o potencial da região de solo basáltico que vai de Franca a Ribeirão Preto e segue até Bauru para uma produção de qualidade.
Depois, em 2008, a mesma Embrapa, em sua unidade de uvas e vinhos, no Rio Grande do Sul, atestou a força do interior de São Paulo para esse tipo de negócio.
O pioneirismo foi de Beto Lorenzato, em Ituverava (SP). Ao perceber que as temperaturas eram altas durante o dia e despencavam quando anoitecia, ele desistiu de implantar um haras em uma propriedade que havia comprado e criou, em 2006, a Vinícola Di Ivrea.
De lá para cá, os experimentos com uvas foram encontrando terrenos férteis na região. Surgiram vinícolas em Ribeirão Preto e Franca. Uma delas, que deverá começar a operar em 2023, está na Fazenda Cravinhos, do município de mesmo nome. A primeira safra comercial está acontecendo. São três variedades de uvas italianas, cujas mudas foram cedidas pelo próprio Lorenzato.
O gerente da fazenda, Anísio Rodrigues de Paula, afirma que a vinícola terá capacidade para produzir 150 mil garrafas por ano. A Cravinhos, que pertence a Luiz Biagi, teve influência na fundação da cidade. Foi comprada em 1980 da família do médico Luiz Pereira Barreto, que introduziu o café Bourbon no Brasil, além de ter feito experimentos com uvas na própria fazenda. Segundo Biagi, o empreendimento é uma forma de homenagear seus antepassados, de raízes italianas.
Videiras da Vinícola Terras Altas, em Ribeirão Preto (SP)
Divulgação/Vinícola Terras Altas
4.Planejando o futuro
No caso da Terras Altas, os experimentos começaram em 2017. Segundo Ricardo Baldo, a aposta foi na Syrah por causa da sua coloração, “muito bonita e intensa”, da sua aptidão para vinhos tintos e rosés, e da quantidade considerável de polifenois que carrega. Outras variedades, no entanto, estão sendo testadas na vinícola, como a Cabernet Sauvignon.
Uma das metas é exportar parte da produção de vinho, como forma de pontuar no mercado internacional, mas Baldo acredita que o principal destino será o estado de São Paulo, hoje o segundo maior comprador dos vinhos e espumantes do Rio Grande do Sul – que, de acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), continua sendo o maior consumidor e também produtor, com 85% da fabricação desses tipos de bebidas no país.
Conforme levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a produção de uvas para a indústria, como é a o caso da Terras Altas, teve um salto da safra de 2019 para a de 2020: de 362,9 mil pés em produção para 450,2 mil.
Em 2021, houve queda, para 387,5 mil. Apesar disso, observa-se um aumento na produtividade: em 2020, foram 2,0285 milhões de quilos, média de 4,5 por pé. Já em 2021, 1,958 milhão de quilos, média de pouco mais de cinco por pé.
Como estratégia para novos investimentos, outro objetivo da Terras Altas é testar a produção de vinhos brancos. Para isso, os profissionais da vinícola avaliam reproduzir em Ribeirão Preto um terroir do topo da Serra da Mantiqueira.
Sobre os maiores desafios, Baldo cita problemas com fungos, que podem ocorrer, principalmente, na fase vegetativa da planta. Para combatê-los, a vinícola treinou um grupo de ex-pedreiros, ex-serventes, entre outras pessoas que queriam mudar de trabalho, para identificar focos de doenças. Todas são de Ribeirão Preto.
*Colaborou Lucas Faleiros
Veja mais notícias do campo na região de Ribeirão Preto
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e regiãoVinícola Terras Altas, que colheu primeira safra em 2019 em Ribeirão Preto (SP), deve produzir 38 mil garrafas em 2022. Empreendimento está em região que avança nesse mercado, por causa das características climáticas. Uva produzida na Vinícola Terras Altas, em Ribeirão Preto (SP)
Divulgação/ Vinícola Terras Altas
Busca por qualidade, colheita no inverno, controle de água. Essas são algumas das características da produção de uvas Syrah, variedade francesa que garantiu medalha de ouro no Brazil Wine Challenge 2022 a um vinho produzido em Ribeirão Preto (SP), historicamente conhecida como “capital do chope” e sem tradição na viticultura.
Entregue em junho deste ano, o prêmio promovido pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), em Bento Gonçalves (RS), foi concedido ao “Entre Rios”, da Vinícola Terras Altas.
O concurso, em sua 11ª edição, é o único no Brasil reconhecido pela Organização Internacional de Uva e Vinho (OIV). Recebeu 903 amostras de 15 países, que foram avaliadas por 74 especialistas – no ano passado, foram 774 amostras. Com a medalha, o vinho entrou para um seleto time de rótulos da Bahia, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo que também foram contemplados.
Para o presidente da ABE, André Gasperin, essa diversidade de regiões presentes demonstra como o Brasil tem ampliado seu leque de produção, antes restrito a estados como Rio Grande do Sul.
“É lindo e motivo de orgulho ver que novas regiões estão entre os destaques. O Brasil, esse continente de solos e climas, nos permite viajar pelos sentidos e fazer grandes descobertas.”
Ao longo dessa reportagem, você poderá conferir, em tópicos, um pouco do histórico dessa conquista.
Vinho premiado
A produção da uva: fatores climáticos
Evolução das vinícolas na região
Planejando o futuro
Ricardo Baldo, responsável pela Vinícola Terras Altas, em Ribeirão Preto (SP)
Divulgação/ Vinícola Terras Altas
1.Vinho premiado
O vinho premiado foi uma dessas descobertas a que se refere o presidente da ABE. Paralelamente ao Brazil Wine Challenge, a vinícola enviou o “Entre Rios” – assim chamado em homenagem a um dos primeiros nomes que a cidade de Ribeirão Preto teve – a outro concurso, o The Counter World Wine Awards, em Londres, onde obteve duas medalhas de bronze.
Segundo o engenheiro agrônomo Ricardo Baldo, que cuida da produção de uvas da Terras Altas, os resultados foram uma surpresa. Ele explica que o objetivo era ter um parecer dos concursos. Saber quais características chamavam mais a atenção, para que o sistema de produção fosse validado.
“Não temos histórico de alguma vinícola que tenha feito um vinho pela primeira vez, mandado para um concurso europeu e conseguido uma premiação. Isso nos animou muito. Veio para nos trazer uma segurança de que estamos no caminho certo, que o nosso sistema de produção está bem alinhado com o que o público espera com relação a qualidade”, afirma Baldo.
O vinho premiado no concurso da ABE foi da safra 2020. Já para Londres, foram enviadas amostras de 2020 e de 2019, ano em que a vinícola colheu sua primeira safra de syrah. Este de 2019 foi feito em barris de aço inox e depois passou doze meses em barricas de carvalho francês.
Barrica da Terras Altas, vinícola de Ribeirão Preto (SP)
Divulgação/ Terras Altas
“Com isso, começamos a fazer uma linha de vinhos barricados, que têm uma estrutura maior, um aporte de aromas diferenciado e um tratamento mais delicado. Eles demandam mais tempo, paciência e muito detalhe”, conta Ricardo.
Já o de 2020 não teve a influência da madeira, apenas do aço inox. “Esse representa todo o nosso terroir de Ribeirão Preto, todas as condições climáticas que a região apresenta. Conseguimos sentir tudo isso: os dias quentes, as noites geladas, a escassez de uva, no vinho.”
Uva Syrah produzida pela Vinícola Terras Altas, em Ribeirão Preto (SP)
Divulgação/Vinícola Terras Altas
2.Produção da uva: fatores climáticos
Justamente por causa dessas características climáticas, a uva precisa receber um tratamento diferente do das produzidas na Europa, que são colhidas no verão. Aqui, a colheita é feita no inverno, entre julho e agosto.
Para que isso seja possível, a uva passa por um sistema de dupla poda, que “engana” a planta. De acordo com Baldo, caso o processo ocorresse naturalmente e a colheita fosse em períodos quentes e chuvosos, isso traria problemas, como doenças no final do ciclo, o que resultaria em um vinho de baixa qualidade.
“Só alcançamos o nível de qualidade atual porque usamos essa técnica de colheita no inverno, que é quando temos dias ensolarados, sem dias nublados, com noites frias e muita radiação solar, além da amplitude térmica entre dias e noites. Fora isso, a altitude da região também contribui para o processo de maturação da uva”, diz Baldo.
O agrônomo elenca outros fatores que são fundamentais para uma alta qualidade da fruta. Primeiro, é o controle da produtividade. Diferente de outras culturas, para as quais se busca sempre ampliar a quantidade colhida, a uva para o vinho perde qualidade se isso acontece. Por isso, na vinícola são colhidas de seis a oito toneladas por hectare, enquanto vinhos mais comerciais trabalham com 30 a 35.
O teto de produção da Terras Altas foi estabelecido em 100 mil garrafas por ano. Com a colheita da safra anterior, em 2021, de 40 toneladas, serão envasadas em 2022 38 mil garrafas, principalmente de vinho tinto, o preferido na região.
Outro ponto citado por Baldo tem a ver com o estresse da planta. Ele explica que a uva se desenvolve geralmente em solos pobres, bem diferente do que existe em Ribeirão Preto, a terra roxa, de alta fertilidade.
Nesse caso, o foco está na água. Como a maturação é no inverno, a uva não consegue retirar do solo todo o recurso hídrico de que precisa. Ela entra em deficit nutricional controlado e passa a produzir mais açúcares e polifenois, importantes para a obtenção de um vinho de qualidade.
“Essa produção de polifenol é uma proteção da planta. É como se ela estivesse se fortificando. A uva sofrer na fase de maturação é extremamente interessante e conseguimos fazer isso por estarmos no inverno. No ciclo normal, não teríamos isso.”
Videiras cultivadas desde 2016 na vinícola Marchese di Ivrea em Ituverava
Arquivo pessoal
3.Evolução das vinícolas na região
A técnica de produção adotada pela Terras Altas foi consolidada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a partir do ano 2000. Também nessa época, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu alguns estudos técnicos que apontavam o potencial da região de solo basáltico que vai de Franca a Ribeirão Preto e segue até Bauru para uma produção de qualidade.
Depois, em 2008, a mesma Embrapa, em sua unidade de uvas e vinhos, no Rio Grande do Sul, atestou a força do interior de São Paulo para esse tipo de negócio.
O pioneirismo foi de Beto Lorenzato, em Ituverava (SP). Ao perceber que as temperaturas eram altas durante o dia e despencavam quando anoitecia, ele desistiu de implantar um haras em uma propriedade que havia comprado e criou, em 2006, a Vinícola Di Ivrea.
De lá para cá, os experimentos com uvas foram encontrando terrenos férteis na região. Surgiram vinícolas em Ribeirão Preto e Franca. Uma delas, que deverá começar a operar em 2023, está na Fazenda Cravinhos, do município de mesmo nome. A primeira safra comercial está acontecendo. São três variedades de uvas italianas, cujas mudas foram cedidas pelo próprio Lorenzato.
O gerente da fazenda, Anísio Rodrigues de Paula, afirma que a vinícola terá capacidade para produzir 150 mil garrafas por ano. A Cravinhos, que pertence a Luiz Biagi, teve influência na fundação da cidade. Foi comprada em 1980 da família do médico Luiz Pereira Barreto, que introduziu o café Bourbon no Brasil, além de ter feito experimentos com uvas na própria fazenda. Segundo Biagi, o empreendimento é uma forma de homenagear seus antepassados, de raízes italianas.
Videiras da Vinícola Terras Altas, em Ribeirão Preto (SP)
Divulgação/Vinícola Terras Altas
4.Planejando o futuro
No caso da Terras Altas, os experimentos começaram em 2017. Segundo Ricardo Baldo, a aposta foi na Syrah por causa da sua coloração, “muito bonita e intensa”, da sua aptidão para vinhos tintos e rosés, e da quantidade considerável de polifenois que carrega. Outras variedades, no entanto, estão sendo testadas na vinícola, como a Cabernet Sauvignon.
Uma das metas é exportar parte da produção de vinho, como forma de pontuar no mercado internacional, mas Baldo acredita que o principal destino será o estado de São Paulo, hoje o segundo maior comprador dos vinhos e espumantes do Rio Grande do Sul – que, de acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), continua sendo o maior consumidor e também produtor, com 85% da fabricação desses tipos de bebidas no país.
Conforme levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a produção de uvas para a indústria, como é a o caso da Terras Altas, teve um salto da safra de 2019 para a de 2020: de 362,9 mil pés em produção para 450,2 mil.
Em 2021, houve queda, para 387,5 mil. Apesar disso, observa-se um aumento na produtividade: em 2020, foram 2,0285 milhões de quilos, média de 4,5 por pé. Já em 2021, 1,958 milhão de quilos, média de pouco mais de cinco por pé.
Como estratégia para novos investimentos, outro objetivo da Terras Altas é testar a produção de vinhos brancos. Para isso, os profissionais da vinícola avaliam reproduzir em Ribeirão Preto um terroir do topo da Serra da Mantiqueira.
Sobre os maiores desafios, Baldo cita problemas com fungos, que podem ocorrer, principalmente, na fase vegetativa da planta. Para combatê-los, a vinícola treinou um grupo de ex-pedreiros, ex-serventes, entre outras pessoas que queriam mudar de trabalho, para identificar focos de doenças. Todas são de Ribeirão Preto.
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