
‘A guerra está matando inocentes’, diz ucraniano refugiado no Brasil com a famíliaon março 16, 2022 at 9:01 am
- março 16, 2022 Em Ribeirão Preto, SP, Andrii Ostapenko, de 34 anos, se habitua à nova vida com a mulher brasileira e os três filhos. Eles chegaram ao país em um voo da FAB vindo de Varsóvia, na Polônia. Família ucraniana desembarca em Ribeirão Preto, SP, após fugir da guerra
Em Ribeirão Preto (SP), onde se habitua à nova vida junto com a mulher e os três filhos pequenos, o músico ucraniano Andrii Ostapenko, de 34 anos, tem esperança de que a guerra no país natal dele chegue ao fim por causa da morte de inocentes.
“Meu jeito de lutar é dizer a verdade, espalhar para o mundo que a guerra está matando inocentes. O amor é nossa grande arma. O mais importante agora não é o dinheiro, o que as pessoas podem fazer, mas, sim, que eu e minha família estamos vivos.”
Andrii chegou com a família ao Brasil na quinta-feira (10), em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) vindo de Varsóvia, na Polônia, com um grupo de 68 pessoas, entre brasileiros, ucranianos, argentinos e colombianos.
A mulher dele, a estilista Hainaya Komatso, de 33 anos, é brasileira. O casal e os filhos estão abrigados no apartamento da irmã dela em Ribeirão Preto.
O músico ucraniano Andrii Ostapenko, de 34 anos, chegou ao Brasil com a família
Valdinei Malaguti/EPTV
Filhos foram autorização para deixar o país
Em fevereiro, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky decretou a Lei Marcial, uma norma implementada em cenários de conflitos, crises civis e políticas, que substitui as leis e autoridades civis por leis militares. Com isso, homens de 18 a 60 anos foram proibidos de deixar o país.
Em segurança, Hainaya conta que Andrii só conseguiu deixar o país porque a lei ucraniana permite que famílias consideradas numerosas, com pelo menos três filhos, possam permanecer juntas.
“Na Ucrânia, família de três pessoas é considerada grandiosa. Pela lei deles, eles têm umas leis até muito bonitas, eles pensam como é que uma mãe sozinha vai criar três crianças. Então, pela lei, ele não foi obrigado a ficar, se ele quisesse evacuar, ele poderia.”
A estilista Hainaya Komatso segura a filha caçula Lis, de quatro meses, na casa da irmã em Ribeirão Preto, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
Bombas perto de casa
O casal vivia em Kotsiubynske, na região de Kiev. No fim de fevereiro, quando as tropas russas começaram a ofensiva, Hainaya acreditava que os ataques cessariam em breve. Da janela do apartamento, ela e o marido viam os bombardeios. Os itens de necessidade básica começaram a faltar.
“A gente foi ao supermercado e lá não tinha comida. Todo mundo tinha comprado tudo. E ele [Andrii] me trouxe uma barra de chocolate, estava custando muito dinheiro. Eu nunca dei valor a uma barra de chocolate na vida. No meio da guerra, meu marido me trouxe uma barra de chocolate”, diz a estilista, emocionada.
A decisão de deixar a Ucrânia, no entanto, só foi tomada depois que um ataque chegou bem perto da casa deles.
“Um dia a gente olhou para a floresta, vimos um pedaço já queimando e pensamos: ‘é agora ou nunca. Vamos agora mesmo’. E a gente tem muita sorte porque depois que saímos começaram a atacar a região que a gente mora. Foi um milagre”, diz a estilista.
Avião com brasileiros que fugiram da guerra da Ucrânia pousa em Brasília
TV Globo/Reprodução
Crianças sentiram
Mesmo tentando não deixar transparecer a preocupação para os pequenos, Hainaya afirma que os filhos sentiram as mudanças.
“A gente fingia que estava tudo bem, mas eles sentiam. O meu pequenininho nunca foi de colo, ele sempre foi de correr pela casa, mas nesses dias ele passava o dia no colo, chorava, gritava. Ele nunca foi assim. Por mais que tentássemos contornar a situação, ele sentiu.”
De acordo com o casal, no caminho até Varsóvia, a família foi bem acolhida por vários desconhecidos.
Andrii e Hainaya com os filhos no sofá da casa da irmã dela em Ribeirão Preto, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
Incertezas
A chegada tão esperada a Ribeirão Preto foi comemorada pela irmã e pelas tias de Hainaya. Desde o fim de 2021, diante dos rumores da guerra, Diny Hamabata esperava pela vinda da família. Depois que o conflito armado começou, a tensão só aumentou.
“Ela é bem tranquila, dizia que ia dar tudo certo. Na hora que apertou, eles sofriam muito lá e a gente sofria muito aqui. Por conta do fuso horário, a gente ficava sem notícias e era desesperador.”
Aliviada, mas ainda preocupada com o futuro, Hainaya torce pelo fim do conflito e pondera que os traumas serão difíceis de serem esquecidos.
“Ninguém ganha nada com isso, as pessoas morrem dos dois lados, tem o pós-guerra, traumas que não passam. A guerra acaba, mas o trauma fica.”
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e regiãoEm Ribeirão Preto, SP, Andrii Ostapenko, de 34 anos, se habitua à nova vida com a mulher brasileira e os três filhos. Eles chegaram ao país em um voo da FAB vindo de Varsóvia, na Polônia. Família ucraniana desembarca em Ribeirão Preto, SP, após fugir da guerra
Em Ribeirão Preto (SP), onde se habitua à nova vida junto com a mulher e os três filhos pequenos, o músico ucraniano Andrii Ostapenko, de 34 anos, tem esperança de que a guerra no país natal dele chegue ao fim por causa da morte de inocentes.
“Meu jeito de lutar é dizer a verdade, espalhar para o mundo que a guerra está matando inocentes. O amor é nossa grande arma. O mais importante agora não é o dinheiro, o que as pessoas podem fazer, mas, sim, que eu e minha família estamos vivos.”
Andrii chegou com a família ao Brasil na quinta-feira (10), em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) vindo de Varsóvia, na Polônia, com um grupo de 68 pessoas, entre brasileiros, ucranianos, argentinos e colombianos.
A mulher dele, a estilista Hainaya Komatso, de 33 anos, é brasileira. O casal e os filhos estão abrigados no apartamento da irmã dela em Ribeirão Preto.
O músico ucraniano Andrii Ostapenko, de 34 anos, chegou ao Brasil com a família
Valdinei Malaguti/EPTV
Filhos foram autorização para deixar o país
Em fevereiro, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky decretou a Lei Marcial, uma norma implementada em cenários de conflitos, crises civis e políticas, que substitui as leis e autoridades civis por leis militares. Com isso, homens de 18 a 60 anos foram proibidos de deixar o país.
Em segurança, Hainaya conta que Andrii só conseguiu deixar o país porque a lei ucraniana permite que famílias consideradas numerosas, com pelo menos três filhos, possam permanecer juntas.
“Na Ucrânia, família de três pessoas é considerada grandiosa. Pela lei deles, eles têm umas leis até muito bonitas, eles pensam como é que uma mãe sozinha vai criar três crianças. Então, pela lei, ele não foi obrigado a ficar, se ele quisesse evacuar, ele poderia.”
A estilista Hainaya Komatso segura a filha caçula Lis, de quatro meses, na casa da irmã em Ribeirão Preto, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
Bombas perto de casa
O casal vivia em Kotsiubynske, na região de Kiev. No fim de fevereiro, quando as tropas russas começaram a ofensiva, Hainaya acreditava que os ataques cessariam em breve. Da janela do apartamento, ela e o marido viam os bombardeios. Os itens de necessidade básica começaram a faltar.
“A gente foi ao supermercado e lá não tinha comida. Todo mundo tinha comprado tudo. E ele [Andrii] me trouxe uma barra de chocolate, estava custando muito dinheiro. Eu nunca dei valor a uma barra de chocolate na vida. No meio da guerra, meu marido me trouxe uma barra de chocolate”, diz a estilista, emocionada.
A decisão de deixar a Ucrânia, no entanto, só foi tomada depois que um ataque chegou bem perto da casa deles.
“Um dia a gente olhou para a floresta, vimos um pedaço já queimando e pensamos: ‘é agora ou nunca. Vamos agora mesmo’. E a gente tem muita sorte porque depois que saímos começaram a atacar a região que a gente mora. Foi um milagre”, diz a estilista.
Avião com brasileiros que fugiram da guerra da Ucrânia pousa em Brasília
TV Globo/Reprodução
Crianças sentiram
Mesmo tentando não deixar transparecer a preocupação para os pequenos, Hainaya afirma que os filhos sentiram as mudanças.
“A gente fingia que estava tudo bem, mas eles sentiam. O meu pequenininho nunca foi de colo, ele sempre foi de correr pela casa, mas nesses dias ele passava o dia no colo, chorava, gritava. Ele nunca foi assim. Por mais que tentássemos contornar a situação, ele sentiu.”
De acordo com o casal, no caminho até Varsóvia, a família foi bem acolhida por vários desconhecidos.
Andrii e Hainaya com os filhos no sofá da casa da irmã dela em Ribeirão Preto, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
Incertezas
A chegada tão esperada a Ribeirão Preto foi comemorada pela irmã e pelas tias de Hainaya. Desde o fim de 2021, diante dos rumores da guerra, Diny Hamabata esperava pela vinda da família. Depois que o conflito armado começou, a tensão só aumentou.
“Ela é bem tranquila, dizia que ia dar tudo certo. Na hora que apertou, eles sofriam muito lá e a gente sofria muito aqui. Por conta do fuso horário, a gente ficava sem notícias e era desesperador.”
Aliviada, mas ainda preocupada com o futuro, Hainaya torce pelo fim do conflito e pondera que os traumas serão difíceis de serem esquecidos.
“Ninguém ganha nada com isso, as pessoas morrem dos dois lados, tem o pós-guerra, traumas que não passam. A guerra acaba, mas o trauma fica.”
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região
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