Gerente administrativo tem nome usado para aplicação de golpes há 3 anos: ‘Não tenho paz’on julho 18, 2024 at 8:03 am
- julho 18, 2024 César Henrique Salviano Caetano, de Orlândia (SP), afirma que procurou polícia e redes sociais para tentar resolver o problema, mas ainda não conseguiu. Ele desenvolveu compulsão alimentar e crise de ansiedade por falta de solução. Gerente administrativo de Orlândia, SP, teve dados roubados há 3 anos
Há três anos, a vida do gerente administrativo César Henrique Salviano Caetano, de Orlândia (SP), mudou drasticamente.
Ele perdeu as contas da quantidade de boletins de ocorrência e processos judiciais contra ele, e não esquece as dores de cabeça toda vez que o celular chegou a tocar ou recebeu uma nova notificação de mensagem no período.
Siga o canal g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp
Ele ainda desenvolveu compulsão alimentar e passou a fazer acompanhamento psicológico.
O nome do gerente-administrativo César Henrique Salviano Caetano, de Orlândia (SP), tem sido utilizado em golpes há 3 anos
Arquivo pessoal
Tudo porque, em novembro de 2021, o gerente administrativo caiu em um golpe ao tentar vender um veículo e, desde então, o criminoso tem utilizado os documentos dele para enganar outras pessoas em diferentes partes do Brasil.
Em um dos casos, uma vítima perdeu R$ 14 mil e achou César para exigir o dinheiro de volta.
O g1 teve acesso a três dos boletins de ocorrências feitos por César nos anos de 2021, 2022 e 2023, todos registrados pelo crime de estelionato.
A vítima mais recente foi um homem, também de Orlândia, que bateu na porta da empresa onde César trabalha há 15 anos para exigir a entrega de uma moto que havia negociado pela internet. O caso aconteceu na manhã de quarta-feira (17).
“Não tenho paz mais, não sei mais o que faço para resolver isso, não tem fim. Não sei como desenvolvi a compulsão [alimentar], fui engordando, atacando a comida. Nos últimos anos, tenho me irritado além do comum. Por exemplo, isso que aconteceu comigo hoje [quarta-feira], já não consegui trabalhar. Aí gera uma crise, onde preciso descontar em algo. Sendo franco, acredito que, por um contexto geral, isso tudo influencia, acho que é um pacote”.
César tem 33 anos hoje, mas vê o nome envolvido em inúmeros casos de estelionato desde os 30. Já tentaram se passar por ele para vender cachorros, iPhones e carros.
Uma pessoa também tentou utilizar os dados do gerente administrativo para fechar um plano de internet em Viamão, no Rio Grande do Sul.
LEIA TAMBÉM
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Procurada pelo g1, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que o caso está sob investigação na Delegacia de Orlândia e a equipe da unidade realiza diligências para identificação do autor do crime e esclarecimento dos fatos.
Gerente administrativo de Orlândia, SP, tem nome utilizado para aplicação de golpes há três anos
Redes sociais
Ameaças frequentes
Apesar de explicar a situação para toda vítima que entra em contato, César sofre ameaças semanalmente. No fim do ano passado, ele conseguiu na Justiça o direito de cancelar o CPF, que era utilizado pelo golpista.
O gerente precisou fazer um novo documento, mas isso não o impediu de ser procurado por pessoas que perderam dinheiro ou foram enganadas em uma compra de produto.
“Me mandam mensagens ‘você está vendendo isso, está vendendo aquilo’ eu explico ‘não, é um golpe’. Só que as pessoas que caem no golpe, nem sempre vão acreditar. Hoje mesmo, eu saindo para almoçar, dou de cara com um rapaz que sofreu o golpe com a esposa e mais uma moça. Ela falou ‘você que é o César?’. Eu falei ‘sou eu’. E ela ‘então, você que aplicou um golpe na gente’. Eu falei ‘não, não, não, não’. Ainda bem que chegaram aqui para conversar, porque uma pessoa da cidade falou que conhecia eu e minha esposa. Se é uma pessoa esquentada, eu estou morto e nem estou sabendo porque morri”.
Vítimas de golpe entram em contato com César Henrique acreditando que ele seja o estelionatário
Redes sociais
Selfie com documento
César conta que o transtorno começou em novembro de 2021, quando anunciou o carro dele em uma plataforma de compra e venda de produtos.
Um homem se mostrou interessado, entrou em contato, e os dois passaram a conversar para tentar fechar negócio. Da plataforma, a conversa foi transferida para o WhatsApp e foi aí que o gerente percebeu que estava nas mãos de um criminoso.
“Ele me pediu uma foto com um documento meu para que eu provasse que eu existia. Eu também pedi uma para ele, mas ele printou a minha e, desde então, usa meus dados para aplicar golpes”.
Segundo César, assim que enviou a imagem, o criminoso comprador parou de responder as mensagens e desapareceu.
Alguns dias depois, o gerente viu no Facebook que a foto dele estava sendo utilizada no perfil de uma outra pessoa.
César Henrique Salviano Caetano, de Orlândia (SP), registrou primeiro boletim de ocorrência em novembro de 2021
Arquivo pessoal
César diz que chegou a denunciar a conta falsa à rede social, fez boletim de ocorrência, mas nada aconteceu.
O g1 tentou entrar em contato com a Meta, que gerencia Facebook e WhatsApp, e aguarda um posicionamento.
A OLX informou que este tipo de golpe é chamado de golpe do roubo de dados. A empresa orienta usuários a nunca compartilharem número de celular, endereço de e-mail, CPF e dados bancários com terceiros e sempre manterem conversas pelos chats das plataformas, que possuem ferramentas para promover a privacidade dos dados.
Segundo a plataforma, em 2023, brasileiros perderam mais de R$ 1 bilhão em golpes digitais, 12% a mais que em 2022.
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto e regiãoCésar Henrique Salviano Caetano, de Orlândia (SP), afirma que procurou polícia e redes sociais para tentar resolver o problema, mas ainda não conseguiu. Ele desenvolveu compulsão alimentar e crise de ansiedade por falta de solução. Gerente administrativo de Orlândia, SP, teve dados roubados há 3 anos
Há três anos, a vida do gerente administrativo César Henrique Salviano Caetano, de Orlândia (SP), mudou drasticamente.
Ele perdeu as contas da quantidade de boletins de ocorrência e processos judiciais contra ele, e não esquece as dores de cabeça toda vez que o celular chegou a tocar ou recebeu uma nova notificação de mensagem no período.
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Ele ainda desenvolveu compulsão alimentar e passou a fazer acompanhamento psicológico.
O nome do gerente-administrativo César Henrique Salviano Caetano, de Orlândia (SP), tem sido utilizado em golpes há 3 anos
Arquivo pessoal
Tudo porque, em novembro de 2021, o gerente administrativo caiu em um golpe ao tentar vender um veículo e, desde então, o criminoso tem utilizado os documentos dele para enganar outras pessoas em diferentes partes do Brasil.
Em um dos casos, uma vítima perdeu R$ 14 mil e achou César para exigir o dinheiro de volta.
O g1 teve acesso a três dos boletins de ocorrências feitos por César nos anos de 2021, 2022 e 2023, todos registrados pelo crime de estelionato.
A vítima mais recente foi um homem, também de Orlândia, que bateu na porta da empresa onde César trabalha há 15 anos para exigir a entrega de uma moto que havia negociado pela internet. O caso aconteceu na manhã de quarta-feira (17).
“Não tenho paz mais, não sei mais o que faço para resolver isso, não tem fim. Não sei como desenvolvi a compulsão [alimentar], fui engordando, atacando a comida. Nos últimos anos, tenho me irritado além do comum. Por exemplo, isso que aconteceu comigo hoje [quarta-feira], já não consegui trabalhar. Aí gera uma crise, onde preciso descontar em algo. Sendo franco, acredito que, por um contexto geral, isso tudo influencia, acho que é um pacote”.
César tem 33 anos hoje, mas vê o nome envolvido em inúmeros casos de estelionato desde os 30. Já tentaram se passar por ele para vender cachorros, iPhones e carros.
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Gerente administrativo de Orlândia, SP, tem nome utilizado para aplicação de golpes há três anos
Redes sociais
Ameaças frequentes
Apesar de explicar a situação para toda vítima que entra em contato, César sofre ameaças semanalmente. No fim do ano passado, ele conseguiu na Justiça o direito de cancelar o CPF, que era utilizado pelo golpista.
O gerente precisou fazer um novo documento, mas isso não o impediu de ser procurado por pessoas que perderam dinheiro ou foram enganadas em uma compra de produto.
“Me mandam mensagens ‘você está vendendo isso, está vendendo aquilo’ eu explico ‘não, é um golpe’. Só que as pessoas que caem no golpe, nem sempre vão acreditar. Hoje mesmo, eu saindo para almoçar, dou de cara com um rapaz que sofreu o golpe com a esposa e mais uma moça. Ela falou ‘você que é o César?’. Eu falei ‘sou eu’. E ela ‘então, você que aplicou um golpe na gente’. Eu falei ‘não, não, não, não’. Ainda bem que chegaram aqui para conversar, porque uma pessoa da cidade falou que conhecia eu e minha esposa. Se é uma pessoa esquentada, eu estou morto e nem estou sabendo porque morri”.
Vítimas de golpe entram em contato com César Henrique acreditando que ele seja o estelionatário
Redes sociais
Selfie com documento
César conta que o transtorno começou em novembro de 2021, quando anunciou o carro dele em uma plataforma de compra e venda de produtos.
Um homem se mostrou interessado, entrou em contato, e os dois passaram a conversar para tentar fechar negócio. Da plataforma, a conversa foi transferida para o WhatsApp e foi aí que o gerente percebeu que estava nas mãos de um criminoso.
“Ele me pediu uma foto com um documento meu para que eu provasse que eu existia. Eu também pedi uma para ele, mas ele printou a minha e, desde então, usa meus dados para aplicar golpes”.
Segundo César, assim que enviou a imagem, o criminoso comprador parou de responder as mensagens e desapareceu.
Alguns dias depois, o gerente viu no Facebook que a foto dele estava sendo utilizada no perfil de uma outra pessoa.
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César diz que chegou a denunciar a conta falsa à rede social, fez boletim de ocorrência, mas nada aconteceu.
O g1 tentou entrar em contato com a Meta, que gerencia Facebook e WhatsApp, e aguarda um posicionamento.
A OLX informou que este tipo de golpe é chamado de golpe do roubo de dados. A empresa orienta usuários a nunca compartilharem número de celular, endereço de e-mail, CPF e dados bancários com terceiros e sempre manterem conversas pelos chats das plataformas, que possuem ferramentas para promover a privacidade dos dados.
Segundo a plataforma, em 2023, brasileiros perderam mais de R$ 1 bilhão em golpes digitais, 12% a mais que em 2022.
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